Gestão ambiental pode aumentar lucros

Camisetas produzidas com algodão colorido dispensam tingimentos

Fonte: Agência Sebrae de Notícias - 05/06/07

Foto: Divulgação

Se o empresário cuidar do meio ambiente, dará enorme contribuição para melhoria da qualidade de vida em sua cidade, no seu País e no mundo. Além disso, desenvolver a gestão ambiental reduz custos, gera oportunidades de negócios e pode trazer ganhos para a imagem da empresa junto aos seus clientes.

Há vários anos o Sebrae Nacional trabalha para promover a gestão ambiental nas micro e pequenas empresas brasileiras. Em 2007, a Instituição incluiu o tema no circuito nacional da Feira do Empreendedor, que passará até o final do ano por 12 cidades. No evento, há palestras, cursos e outras capacitações relacionadas ao assunto e estandes onde se encontram exemplos de produção com preocupação ecológica e oportunidades no campo chamado de econegócios.

Na primeira Feira do Empreendedor deste ano, que aconteceu em Brasília, entre 9 e 13 de maio, a grife Galeria Andante, por exemplo, expôs roupas confeccionadas com fibras de materiais como garrafas PET e algodão naturalmente colorido, que reduz a necessidade do uso de tintas.

O Sebrae Nacional e suas unidades na Federação também discutem implementar ações envolvendo desenvolvimento sustentável. Paulo Alvim, gerente da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae Nacional, explica que a forma mais eficaz de levar a gestão ambiental ao empresário é relacioná-la à redução de custos.

“É preciso abordagem e linguagem adequadas para tratar deste assunto com o empreendedor. Não adianta chegar para ele falando somente de aspectos ambientais e não ligá-los ao cotidiano de sua empresa”, afirma. O gerente diz que a conferência Rio 92, realizada há 15 anos, abriu as portas para implementação no Brasil da ISO 14.000. A série de normas desenvolvidas pela International Organization for Standardization (ISO) estabelece diretrizes na área de gestão ambiental dentro de empresas, para minimizar e evitar danos à natureza.

Programa de gestão ambiental

Paulo Alvim lembra que a unidade do Sebrae/DF deu início à discussão e implementação de ações em favor da gestão ambiental dentro da Instituição no País. Alvim cita que esse movimento, no final dos anos 90, gerou dois produtos para serem desenvolvidos com as micro e pequenas empresas. É o Programa de Redução de Desperdício e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

“O atendimento em gestão ambiental é feito pelo Sebrae nas unidades da Federação. Cada unidade atua de acordo com o desenvolvimento econômico e industrial do estado”, explica Clóvis Walter Rodrigues, consultor da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae Nacional.

O Programa de Redução de Desperdícios utiliza a metodologia ‘Cinco menos que são mais’. Esse programa divulga que menos água, energia, matéria-prima, lixo e poluição trazem mais lucro, competitividade, satisfação do consumidor, produtividade e qualidade ambiental.

Já o Sistema de Gestão Ambiental é uma ferramenta de estratégia empresarial. O SGA permite ao empresário conhecer os principais aspectos e impactos que sua atividade provoca no meio ambiente e que a empresa planeje as ações de gerenciamento ambiental. “O SGA possibilita organizar as relações entre as atividades da empresa e o meio ambiente”, explica Alvim.

Produção mais limpa

Em 2000, em uma parceria com o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o Sebrae começou a trabalhar a temática de produção mais limpa, com a criação do Centro Nacional de Tecnologia Limpa (CNTL), localizado no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Rio Grande do Sul (Senai-RS).

Com a parceria, primeiro surgiram núcleos de produção mais limpa fora do Sistema Sebrae em Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia. Em uma segunda etapa, foram implementados 12 núcleos nas unidades estaduais do Sebrae e, atualmente, mais cinco serão criados.

“Junto com o CNTL o Sebrae iniciou a atividade de produção mais limpa no Brasil. A Instituição tem sido indutora desse processo”, diz o consultor Clóvis Walter Rodrigues. A produção mais limpa permite identificar desperdícios de matérias-primas, melhorar o aproveitamento dos processos e reduzir ou impedir a geração de resíduos. A produção mais limpa tornou-se um dos maiores aliados para diminuir custos, melhorar os negócios e não agredir o meio ambiente.

Os núcleos voltados para produção mais limpa funcionam próximos do setor produtivo, como indústrias. Com os novos núcleos criados, o Sebrae e o CEBDS apostam na capacitação de consultores e de escritórios facilitadores para levar a produção mais limpa para os micro e pequenos negócios. O Sebrae aloca dois consultores por empresa, orientados por um outro consultor mais experiente. Conforme levantamento de 2005, mais de 400 empresas já haviam recebido a consultoria.

Econegócios

Paulo Alvim aponta que, mais recentemente o Sebrae começou a se envolver com licenciamento ambiental, um dos focos da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. “O licenciamento é um quesito que costuma a complicar a operacionalização de empresas”, comenta.

O gerente cita atividades de pequeno porte que utilizam recursos naturais, animais e produtos químicos como algumas das que necessitam de uma atuação referente a licenciamento. “Temos trabalhado em vários estados para a simplificação de procedimentos e deve haver um grande impulso para isso, conforme prevê a Lei Geral”.

Alvim assinala que hoje as empresas não podem se limitar a fabricar um produto e lançá-lo no mercado. “É preciso pensar nesse produto desde a matéria-prima até o descarte”, orienta.

O gerente informa que o Sebrae desenvolve, com os ministério de Ciência e Tecnologia do Meio Ambiente, ações na área de produção e desenvolvimento sustentável. A Instituição tem nos chamados econegócios, conjunto de atividades existentes principalmente nas regiões de forte presença de recursos naturais, como a Amazônia e o Pantanal de Mato Grosso. “O econegócio contribui para gerar renda, fixar a população e não agride o meio ambiente”, diz Paulo Alvim.

Econegócios reúnem produtos e serviços para solucionar problemas ambientais ou que utilizam formas mais racionais de exploração dos recursos naturais para a produção de bens e serviços, pensando no desenvolvimento sustentável. Paulo Alvim destaca o setor da reciclagem como um importante terreno para oportunidades e no qual o Sebrae atua desde o final dos anos 90. As unidades da Instituição têm ajudado a organizar catadores de lixo e trabalhado com cooperativas para reciclagem de materiais como papel, papelão e lata.

“O artesanato é um dos setores que tem se beneficiado da utilização do material reciclado”, aponta Alvim. “Empresários deste setor perceberam que os resíduos podem se transformar em oportunidade de trabalho”, avalia.

“Há uma preocupação da diretoria do Sebrae em construir uma proposta que integre esse conjunto de ações e que mostre ao pequeno negócio que meio ambiente não é uma barreira, mas sim uma oportunidade”, afirma Paulo Alvim. Na opinião de Clóvis Walter Rodrigues, a gestão ambiental é uma responsabilidade dos empresários, mas não se relaciona apenas com eles. “A sociedade precisa ter coerência e compromisso. O consumidor pode fazer sua parte, pensando no que vai comprar, se a empresa que produz aquele produto possui uma responsabilidade ambiental”, sugere.

“Os cuidados com o meio ambiente envolvem posturas individuais que contribuem para a coletividade. Hoje já existe uma consciência nacional e internacional muito forte sobre o assunto”, observa Clóvis.

Material gráfico

Em 2004, o Sebrae/DF editou o kit ‘Sebrae Gestão Ambiental – Desperdício ontem. Lucro hoje’, que reúne seis publicações, uma cartilha, um CD e um DVD sobre gestão ambiental. O material foi distribuído para todas as unidades do Sebrae nos estados. Cada uma recebeu cerca de 150 kits. Os livros que integram o kit trazem uma síntese dos principais protocolos e legislações de meio ambiente e da ISO 14.000.

O consultor do Conselho Deliberativo Nacional (CDN) do Sebrae trabalhou 12 anos no Sebrae/DF. Envolvido com a gestão ambiental em micro e pequenas empresas, ele esteve à frente do projeto. Por duas vezes, Newton de Castro secretário do Meio Ambiente do governo do Distrito Federal.

“O material do kit foi elaborado com linguagem simples, acessível aos empresários, mas sem abrir mão dos principais conteúdos referentes à gestão ambiental e às questões da atualidade, como o Efeito Estufa”, lembra o consultor.

As publicações dividem-se nos títulos ‘Metodologia Sebrae para implementação de Gestão Ambiental’, ‘Curso Básico de Gestão Ambiental’, ‘Experiências Sebrae com implantação de GA em organizações’, ‘A Questão Ambiental e as Empresas’, ‘Metodologia Sebrae 5 menos que são mais redução de desperdício’ e ‘Sistemas Integrados de Gestão’.

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