Euro 5 agita ranking de vendas de caminhões

Algumas montadoras perderam mercado

O início do Euro 5, ou Proconve P7, teve impacto negativo nos negócios de algumas fabricantes de caminhões. Entre as 10 empresas que mais vendem no Brasil, cinco perderam mercado no primeiro quadrimestre do ano. As variações nem sempre indicam uma tendência e podem refletir apenas o efeito imediato da estratégia adotada para acompanhar a mudança na legislação de emissões. 

A líder MAN, que produz veículos Volkswagen, optou por formar um grande estoque de modelos Euro 3, que foram vendidos à rede de concessionárias até 31 de março. Com a ação, a companhia teve leve ganho de participação de 0,3 ponto porcentual no primeiro quadrimestre do ano, para 30,7%. Enquanto o mercado total esfriou 8,1%, para 48,7 mil caminhões no período, a marca anotou retração menos expressiva, de 7,1%, para 14,9 mil emplacamentos. 
 
A vice-líder Mercedes-Benz recuperou entre janeiro e abril parte do market share perdido no ano passado, quando reduziu sua presença no mercado em 1,2 pp. Com grande estoque de Euro 3 e uma política agressiva de vendas, a companhia avançou 0,7 pp em participação e respondeu por 25,6% das vendas no período. A empresa licenciou 12,4 mil caminhões, volume 5,5% inferior ao registrado há um ano. 
 
Apesar de ter mantido a terceira colocação no ranking, a Ford Caminhões perdeu uma parcela significativa de espaço este ano. Os negócios da companhia foram reduzidos em 14,3% na comparação com o mesmo período de 2011, para 7,9 mil unidades. Com isso, a marca entregou 1,2 ponto porcentual de market share no período. 
 
A Iveco acompanhou a queda do mercado e manteve participação estável na comparação com o primeiro quadrimestre de 2011. Foram vendidos 3,9 mil caminhões da marca italiana, com queda de 9% na comparação anual. A organização conseguiu sustentar a quinta posição no ranking do segmento. 
 
Estoques pequenos
As suecas Volvo e Scania apostaram em estratégias semelhantes e preferiram concentrar as vendas em veículos Euro 5, mais caros, desde o início do ano. A primeira trabalhou com um estoque pequeno de caminhões Euro 3 e viu as vendas ficarem 13,1% menores, com 4,6 mil unidades. A fabricante, que encerrou 2011 em expansão, reduziu a participação em 0,5 pp no quadrimestre, para 9,6%. A baixa foi puxada pelo segmento de pesados, que teve volumes 20,5% menores. A demanda pela linha de semipesados VM, no entanto, permaneceu aquecida, com alta de 6,3% para 1,5 mil unidades. 
 
Depois de ter sacrificado algumas vendas ao abrir mão de estoques generosos de Euro 3, a Volvo ganhou vantagem na negociação de modelos com a nova tecnologia de emissões. Roger Alm, presidente da montadora para a América Latina garante que a companhia já é líder nas vendas de caminhões Euro 5 acima de 15 toneladas de peso bruto total. 
 
O tombo foi maior no caso da Scania, que fabrica os caminhões apenas depois de eles serem encomendados e, portanto, não produziu estoques. A marca registrou a maior queda de vendas do segmento, de 24,1%, para 3 mil veículos. Com isso, perdeu 1,3 pp de participação e respondeu por 6,3% do total comercializado no primeiro quadrimestre. Os licenciamentos da linha de semipesados ainda não tomaram ritmo e ficaram em 143 unidades no período. Em pesados os negócios decresceram 27,7%. 
 
Evolução das newcomers
Os novos players do setor de caminhões já aparecem nas últimas posições do ranking de vendas. A Sinotruk subiu da oitava para a sétima colocação e desbancou a Agrale. Foram vendidos 328 caminhões da marca chinesa contra 205 da nacional, que anotou queda de 11,6% nos emplacamentos sobre o ano passado. A Internacional vendeu 149 unidades no período e a Shacman oito, logo atrás da Hyundai, que emplacou 16 caminhões.
 
Por Giovanna Riato / Automotive Business

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