Árabes querem comprar autopeças brasileiras

A 10ª edição da Automec, feira da indústria de autopeças que ocorre em São Paulo, começou bem para o engenheiro jordaniano Saleh Awwad e para a empresária brasileira Karla Rosane Kalef. Os dois participaram nesta terça-feira (12) da rodada de negociações promovida pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e anunciaram intenção de fazer negócios no futuro. A empresa de Karla, NSO Borrachas, produz anéis para vedação, mangueiras e depenadores, e Awwad veio ao Brasil em busca de produtos automotivos e máquinas agrícolas.

Esse, no entanto, deve ser apenas um negócio entre tantos outros que três árabes que participam da Automec pretendem fechar no Brasil até esta quarta-feira (13). Embora o evento só termine no fim da semana, é nos dois primeiros dias que a maioria dos negócios entre empresas brasileiras e estrangeiras devem ser fechados. De acordo com a organização do evento, importadores de mais de 30 países e mais de 50 empresas brasileiras participam das rodadas.

O engenheiro Awwad está no Brasil pela terceira vez, e não é à toa. Ele diz que o país oferece boas oportunidades de negócios. "Desde minha primeira passagem pelo Brasil vi que as companhias daqui oferecem boas negociações para explorar a indústria automotiva e de produtos agrícolas", afirma.

Embora procure produtos para motores a diesel, turbocompressores e filtros, Awwad quer mesmo é encontrar máquinas agrícolas. O jordaniano pretende enviar os produtos apenas para seu país de origem. Representante da Control Links Engineering, ele também distribui as peças em outros países árabes, especialmente os do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), bloco que reúne Arábia Saudita, Omã, Catar, Bahrein, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, e do Levante (Iraque, Síria, Líbano, Palestina e Jordânia). "O Iraque passa por um processo de reconstrução e desenvolvimento. É para lá que devemos mandar a maioria dos produtos", afirma.

Além das nações do Oriente Médio, países do Norte da África atraem Awwad. Líbia, Egito e Sudão estão entre eles. Segundo o engenheiro, os atuais conflitos na Líbia não afetam os negócios no longo prazo e o Sudão, que agora se divide em dois países, representa uma grande oportunidade de negócios. "É uma grande chance de fazer negócios porque o Sudão (do Sul) é um mercado virgem, que precisa de tudo", diz.

Quem também aproveita a Automec para fazer negócios é o empresário Fazlollah Epadian, dos Emirados. Ele procura diversos tipos de peças para automóveis, especialmente para distribuir em Dubai, mas reclama dos preços. "Os produtos brasileiros são muito caros, embora a qualidade deles seja muito boa", afirmou. Awwad também disse que os produtos brasileiros são caros. Ele disse que custam até 35% a mais do que os similares chineses, mas também elogiou sua qualidade. "As peças produzidas no Brasil têm uma vida útil de três a cinco anos. As similares produzidas na China já não mantêm a mesma qualidade depois de dois anos de uso", observa.

O Sindipeças ainda não divulgou os resultados do ano passado, mas estima que a receita do setor de autopeças nacional atingiu US$ 49,7 bilhões em 2010, um crescimento de 31,3% em relação a 2009 (em moeda local, o crescimento estimado é de 14,2%). Como nos três anos anteriores, o setor estima que fechou 2010 com déficit comercial. O sindicato prevê que o saldo foi desfavorável para o Brasil em US$ 3,5 bilhões. Em 2009, o déficit foi de US$ 2,4 bilhões.


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