O setor automotivo à espera de Dilma

Com a eleição de Dilma Roussef para o próximo período presidencial começam as articulações visando à estruturação do próximo governo. O ministro Miguel Jorge disse recentemente a Automotive Business que dificilmente continuará atuando no ministério -- até mesmo em outra pasta. Para seus atuais interlocutores do setor automotivo a saída da cena principal será perda importante.

Miguel Jorge tem sido ao longo do governo Lula o principal negociador com a indústria automobilística, junto com o ministro Mantega, da Fazenda, e assumiu papel importante na retomada dos negócios após o tsunami financeiro que se abateu sobre o planeta após setembro de 2008. Ele tratou, ao lado da redução do IPI, de defender os interesses dos players menores na cadeia de produção diante das pressões das companhias internacionais que atuam no setor.

O ministro do MDIC tem sido um defensor dos interesses locais no novo boom da indústria automotiva, alimentado por investimentos bilionários em expansão de capacidade e renovação das linhas de produtos. Durante sua gestão o país tornou-se o quarto maior mercado de veículos no mundo e o sexto maior produtor. Ele mostrou-se atento à perda de competitividade das empresas estabelecidas no País, especialmente na base da cadeia de suprimentos, e apoiou a retirada progressiva do redutor nas tarifas de importações de autopeças, questão controvertida que aceitou mediar.

O governo, por meio do MDIC, deixa como herança a ser melhor analisada o estudo sobre competitividade encomendado à CSM Worldwide e já apresentado à Anfavea e ao Sindipeças. Apesar da mudança de governo, Miguel Jorge não acredita que o levantamento se perca. O documento terá contrapartida em outro estudo organizado pelas entidades dos fabricantes de veículos e autopeças.

Cledorvino Belini, presidente da Anfavea e também do Grupo Fiat para a América Latina, disse ao Estadão desta segunda-feira, 1º de novembro, a propósito das eleições, que estabilidade e previsibilidade são senhas para o futuro – geram confiança, investimento, produção, renda, consumo e ascensão social. Para ele, o que se espera é a continuidade, expansão e aperfeiçoamento dessa dinâmica com as reformas e avanços de que o País necessita, notadamente na educação básica.

Ao tomar posse como presidente da Anfavea, no início do ano, Belini reclamou um choque de competitividade como condição para se preservar as conquistas feitas pela indústria automotiva ao longo de 50 anos e enfrentar os concorrentes asiáticos que avançam sobre nossas fronteiras. Ele está convencido da importância de reformas profundas e de uma revitalização da combalida infraestrutura logística, mas sabe que será preciso muita ação, reza e paciência para que tudo isso aconteça.


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