BNDES recusa emprestar dinheiro para a Busscar

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A Busscar recebeu um segundo não do governo federal em duas semanas. Depois da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional negar a liberação de R$ 632 milhões em créditos de IPI a que a empresa teria direito a receber, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse na quarta, em Brasília, em reunião com representantes dos funcionários da Busscar e com políticos catarinenses, que não há possibilidade da empresa receber recursos da instituição federal.

A justificativa dada por Coutinho é de que a fabricante de carrocerias de ônibus tem uma situação financeira muito delicada. Segundo a Busscar, a empresa deve R$ 262 milhões.

— Ele (Coutinho) nos explicou a situação financeira da empresa. Mesmo se quisesse, o BNDES não poderia fornecer recursos à Busscar, pois o dinheiro poderia ser tomado por bancos para os quais a empresa deve — diz a senadora Ideli Salvatti, que esteve na reunião.

— Por isso, o problema de falta de capital de giro, que impede a produção, não seria resolvido. Existe um comitê de credores que exige uma mudança na gestão da empresa, como abertura de capital, ou qualquer outra ação que influencie na forma de administrar — diz a senadora.

A diretoria da Busscar não compareceu ao encontro. A empresa informou que o presidente, Cláudio Nielson, e outros executivos já tinham compromissos em bancos de São Paulo e Curitiba, agendados antes de serem avisados do encontro no escritório do BNDES na Capital Federal. A fabricante de carrocerias informou ainda que tem interesse em agendar uma nova data para a reunião e que nesta quinta tem como prioridade realizar o pagamento do 13° e do salário do mês de abril, ação que espera concluir até a próxima semana.

O presidente do banco disse que, no máximo, poderia tentar ajuda para a empresa junto ao Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e na Agência Catarinense de Fomento (Badesc).

— Seria algo pontual — disse Ideli.

Funcionários planejam acampar em Brasília
Os 1,5 mil funcionários da Busscar Ônibus chegam em Brasília na manhã desta quinta. O encontro dos quase 40 ônibus foi marcado para as 7 horas, em frente ao Palácio do Planalto, de onde um grupo parte às 10 horas para o hotel Golden Tulip, onde espera ter uma chance de falar com o presidente Lula. No local, o Ministério da Ciência e Tecnologia homenageia o ex-governador Luiz Henrique da Silveira, que foi seu primeiro ministro, há 25 anos.

Segundo a assessoria de imprensa da Presidência da República, Lula não deve ir ao evento, pois tem um compromisso no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e ao meio-dia se encontra com o primeiro-ministro da Turquia, Racep Erdogan.

— Caso não seja possível falar com o Lula nesta quinta, vamos acampar aqui. Pelo menos 300 funcionários já concordaram em permanecer em Brasília até que o presidente nos atenda. Ficaremos por tempo indeterminado. Também vamos entregar uma carta no Ministério da Justiça e tentar falar com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, para demonstrar nossa indignação pelo fato de que a justiça não está sendo feita no que diz respeito ao pagamento dos créditos do IPI para a empresa. A Justiça não pode ser ignorada — defende o representante dos funcionários, Esbaldini Testoni.


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