Brasil acerta plano com a China

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O Plano de Ação Conjunta para 2010-2014 que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hu Jintao vão assinar na próxima semana prevê a diversificação das exportações brasileiras para a China e o aumento dos investimentos do país asiático no Brasil, segundo o embaixador brasileiro em Pequim, Clodoaldo Hugueney.

Esses objetivos estarão no documento que vai orientar o relacionamento bilateral nos próximos cinco anos, mas não haverá números nem metas específicas. "O plano cria uma máquina institucional para o acompanhamento da relação, que fará com que as coisas caminhem", disse o embaixador. A excessiva concentração das exportações à China em commodities é uma das principais preocupações das autoridades e dos empresários brasileiros, que temem uma relação "neocolonial", na qual o Brasil vende produtos primários e importa manufaturados.

No ano passado, 73% dos embarques brasileiros para o país asiático foram compostos de minério de ferro, soja e petróleo. Na mão contrária, o Brasil comprou da China quase exclusivamente bens industrializados. Os primeiros lugares da lista são ocupados por partes e circuitos integrados para computadores, peças para celulares e máquinas de processamento de dados e circuitos impressos para aparelhos de telefonia.

Apesar da declaração de intenções, não está claro como a mudança na pauta de exportações será feita, mas ela pode ser estimulada pelo aumento dos investimentos chineses no Brasil ? outro ponto que estará no plano.

Mais interesse. O ex-secretário do Conselho Empresarial Brasil China e sócio da Strategus Consult, Rodrigo Maciel, encerrou há duas semanas uma viagem de 35 dias à China, na qual visitou 75 empresas. Sua avaliação é que o interesse em investir no Brasil aumentou de maneira expressiva. "O Brasil entrou para a lista de prioridades das empresas chinesas."

Na maior parte da sua viagem à China, Maciel acompanhou representantes da LLX, do empresário Eike Batista, na busca de investidores interessados em se instalar no Porto de Açu, no Rio de Janeiro. Segundo ele, duas das empresas já enviaram missões ao Brasil e uma delas, do setor eletrônico, deve assinar em breve memorando de entendimentos com a LLX. Outra tarefa do consultor foi buscar parceiros para a Terrativa, mineradora independente que tem um grande projeto de exploração em Minas Gerais.

Essa é uma das áreas que mais interessam aos chineses. Maior fabricante mundial de aço, a China consome quantidades crescentes de ferro e depende de importações para suprir a demanda. Nos últimos seis meses, fechou três grandes negócios de setor de mineração no Brasil.

Em novembro, a Wuhan Iron and Steel Corporation assinou contrato para compra de 21,22% da mineradora MMX, do empresário Eike Batista. Em janeiro, um pool de companhias chinesas pagou US$ 430 milhões pela Sulamerica de Metais, do Grupo Votorantim, na qual investirão US$ 3 bilhões até 2013.

Desde o ano passado, as estatais chinesas se tornaram mais agressivas na busca de ativos no exterior, incluindo o Brasil. O negócio mais recente envolvendo empresas brasileiras foi a venda da Itaminas à chinesa ECE por US$ 1,2 bilhão, realizado há menos de um mês.


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