Cientistas desenvolvem cristais para capturar CO2

Imagem de capa: divulgação/ Foto:  Reed Hutchinson/UCLA

Em um estudo publicado na Science, pesquisadores afirmam ter criado cristais sintéticos que são capazes de absorver as emissões de dióxido de carbono e que podem ser a base de uma nova técnica de CCS até 400% mais eficiente que as atuais.

“Nós pegamos partículas orgânicas e inorgânicas e as combinamos em um cristal sintético com um código de informação parecido com o DNA. Não que seja sofisticado como o DNA, mas com certeza é algo novo na ciência química e de materiais”, tentou explicar sua descoberta Omar M. Yaghi, membro do Instituto de Nano Ciências da Universidade da Califórnia (UCLA).

Parece complicado, mas simplificando o professor Yaghi e sua equipe desenvolveram um tipo de cristal que age como uma esponja e que poderá ser usado em projetos de captura e armazenamento de carbono (CCS). Uma contribuição que poderá ajudar a limpar fontes sujas de energia, como as termoelétricas a carvão. Segundo o estudo, a nova técnica pode ser até 400% mais eficiente do que os processos atuais.

“Essa tecnologia também permitirá a transformação desse carbono capturado novamente em combustível ou ainda ser usada em processos variados como quebrar a molécula de água em hidrogênio. Assim, existem várias aplicações para ela em setores industriais e relacionados com energia”, afirmou Yaghi.

Tentativas
Ainda na década de 1990, Yaghi desenvolveu uma classe de materiais chamada de metal-organic frameworks (MOFs) – algo como estruturas metais-orgânicas  -, a qual ele descreveu como cristais esponjas.

Depois de milhares de tentativas, a equipe da UCLA foi capaz de utilizar esses cristais para capturar gases que são difíceis de armazenar e transportar, incluindo o dióxido de carbono.  O resultado está publicado na revista Science do dia 12 de fevereiro, sob o título Multiple Functional Groups of Varying Ratios in Metal-Organic Frameworks.

“Químicos e cientistas de materiais serão capazes agora de perguntar novas questões e tentar coisas nunca pensadas anteriormente. Também, esperamos que sejam desenvolvidas em breve novas ferramentas e técnicas para decifrar as estruturas dos cristais e explorar suas potencialidades”, concluiu Yaghi.


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