Os engenheiros e o desenvolvimento

Fonte: IDER - 03/05/07

Documento trata de temas considerados essenciais à expansão econômica: energia, comunicações, transportes, ciência e tecnologia e agricultura

Definido um projeto para que a economia brasileira possa crescer 6% ao ano. Profissional do desenvolvimento por excelência, o engenheiro sofreu imediatamente as repercussões da estagnação econômica que assola o País há 25 anos. O bloqueio ao crescimento restringiu seu papel, atrofiando sua inserção na sociedade e impedindo-o de exercer sua vocação e aplicar sua capacidade técnica. Por isso mesmo, a categoria, ao longo de 2006, debruçou-se sobre o problema e elaborou o seu projeto de desenvolvimento nacional que prevê a retomada do crescimento com inclusão social. Tal esforço está publicado no manifesto "Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento", lançado em abril.

O documento trata de temas considerados essenciais à expansão econômica: energia, comunicações, transportes, ciência e tecnologia e agricultura. Cada um deles foi objeto de um estudo técnico elaborado por um especialista no setor. Solicitados pela Federação Nacional de Engenheiros (FNE), os trabalhos foram discutidos por representantes da academia, do setor produtivo, do governo e da sociedade civil, além de cerca de três mil profissionais em todo o Brasil.

O manifesto aponta medidas para se elevar a economia da média de 2,5% ao ano para 6%. O salto não ocorrerá por ações concretas que favoreçam a atividade produtiva. Em primeiro lugar, é preciso elevar os investimentos públicos e privados que precisam atingir os 25% do PIB. Alcançar essa meta, como se sabe, exigirá mudanças como a redução da taxa básica de juros. Remodelar a atual política econômica sem abrir mão do controle da inflação é certamente uma operação difícil e delicada. Pode ainda chocar-se com os interesses do poderoso mercado financeiro e com a mentalidade rentista que tomou conta do País. No entanto, é essencial para combater males como a pobreza, o desemprego, a informalidade e a falta de oportunidades para a juventude.

Apesar das muitas transversalidades existentes, como, por exemplo, programas de universalização dos serviços de energia e telefonia, o manifesto dos engenheiros propõe ações pontuais e princípios a serem seguidos setorialmente para se garantir a retomada do crescimento. Entre as principais:

Energia - A proposta é aumentar a oferta em 8% ao ano, lançando mão do potencial hidrelétrico ainda existente, do prosseguimento do programa de energia nuclear, da utilização de bioenergia, da preservação das reservas nacionais de petróleo e de programas efetivos de conservação energética.

Ciência e Tecnologia - O Brasil deve investir nessa área e estar atento à importância da biotecnologia e da tecnologia digital. Deve ainda colocar o foco nas cadeias produtivas, visando o avanço da industrialização. Outro investimento essencial é na formação de mão-de-obra qualificada. É necessário recrutar jovens para a engenharia e assegurar educação de níveis fundamental e médio que prepare as crianças e adolescentes para a universidade.Comunicações - Universalização do serviço de telefonia, fixa ou móvel, deixada de lado pela privatização. Ao mesmo tempo, o Brasil deve estar apto a operar com os novos paradigmas da convergência tecnológica e empresarial em curso nas telecomunicações. Merece destaque o debate sobre TV digital, que pode representar a expansão de toda uma cadeia produtiva de equipamentos, componentes e conteúdos.

Transportes - Atenção à infra-estrutura de transporte que garante produtividade, abre novos mercados e espaço ao crescimento econômico. Ao Brasil precisa repensar sua matriz, hoje baseada no modal rodoviário.

Agricultura - Responsável pelos bons resultados da balança comercial brasileira dos últimos anos, o agronegócio enfrenta crises cíclicas. Para garantir sua sustentabilidade, sugere-se a adoção de medidas como seguro rural, recuperação e ampliação da infra-estrutura logística e aceleração das negociações comerciais no âmbito da Organização Mundial do Comércio.

A nova diretoria da FNE, que tomou posse em 4 de abril na Câmara dos Deputados, em Brasília, assume o compromisso de defender a implementação das ações gradativamente. O manifesto representa a bandeira de luta dos sindicados filiados à Federação e dos engenheiros de todo o Brasil que aspiram ver suas proposições debatidas com a sociedade aprimoradas e executadas.

*Presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo.

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