Documento secreto gera revolta de países em desenvolvimento no COP15


Os países em desenvolvimento estão enfurecidos. Assim como Hamlet, eles sentem que há algo de podre no reino da Dinamarca. Os países ricos são os culpados. Eles são acusados de conspirarem para conquistar mais poder e colocar a ONU em segundo plano em todas as discussões climáticas futuras.

De acordo com uma reportagem do jornal britânico The Guardian, foi descoberto na COP15 um documento secreto feito por um grupo conhecido como “o círculo do compromisso”, que, desconfia-se, é formado por representantes do Reino Unido, dos Estados Unidos e da Dinamarca.

O “Texto Dinamarquês”, como já é conhecido em Copenhague, propõe o rompimento com o princípio estabelecido pelo Protocolo de Kyoto de que os países ricos, os culpados históricos pelo aquecimento global, devem se comprometer e agir para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, enquanto os países pobres e em desenvovlimento não teriam obrigação formal de tomar nenhuma ação nesse sentido. Além disso, o controle das finanças das mudanças climáticas ficaria nas mãos do Banco Mundial e não haveria obrigação nenhuma dos ricos em financiar a adaptação dos mais pobres.

Um outro ponto polêmico do acordo secreto é o estabelecimento de limites desiguais de emissões de gases do efeito estufa per capta. Enquanto os países em desenvolvimento poderiam emitir no máximo 1,44 toneladas por pessoa até 2050, os ricos poderiam chegar quase ao dobro desse número: 2,67 toneladas.

Um diplomata, que pediu ao Guardian para não ser identificado, disse que o documento é muito perigoso para os países em desenvolvimento. “Ele tem sido feito em segredo. É claro que a intenção é ter Barack Obama e outros líderes de países ricos para fortalecerem a ideia”, diz.

Ainda segundo o jornal, a intenção da Dinamarca e dos países ricos era propor um esquema de trabalho que seria adaptado pelos países ao longo da próxima semana.

*Material produzido e editado pela Envolverde/Mercado Ético/Carbono Brasil/Rebia/Campanha Tic-Tac/EcoAgência, e distribuído para reprodução livre com o apoio da Fundação Amazonas Sustentável.

 


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