Governo britânico populariza carro elétrico

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Foi ainda na longínqua década de 1830 que o escocês Robert Anderson criou o primeiro carro elétrico, ou, pelo menos, algo parecido. Mas só agora, em pleno século 21, em um mundo rodeado por crises - a ambiental entre as principais - é que a máquina vem ganhando popularidade. Governos, principalmente na Europa, lançam cada vez mais planos para popularizar o automóvel movido a eletrecidade.

Nesta quinta-feira(16/4), o Reino Unido também entra oficialmente na causa do carro elétrico. O secretário dos Tranportes do país, Geoff Hoon, acaba de anunciar um novo pacote de incentivos de 250 milhões de libras (812 milhões de reais) para criar uma rede de transportes com baixa emissão de carbono.

Como parte do plano, consumidores receberão incentivos de até 5 mil libras (cerca de 16 mil reais) para a compra de um carro elétrico. Assim, Hoon espera baixar os custos iniciais na produção desses veículos, que demandam grandes investimentos, principalmente em bateria.

De acordo com o secretário, a medida vai ajudar na missão de reduzir em 26% as emissões de carbono do Reino até 2020, e de 80% até 2050. Na Grã-Bretanha, o transporte doméstico responde por 35% de toda a emissão de carbono, sendo que 58% desse total vem dos automóveis movidos a diesel ou gasolina.
 
É bom, mas é pouco
A medida parece ter agradado até mesmo o diretor-executivo do Greenpeace, John Sauven. Ele diz que finalmente o governo acordou para a necessidade urgente do Reino Unido em tornar o sistema de transporte do país mais verde.

Mesmo assim, o diretor não poupa críticas e diz que o dinheiro do pacote não é suficiente. “O montante que Geoff Hoon está oferecendo para os motoristas é suficiente apenas para 26 mil novos carros elétricos. Isso representa apenas 0,1% do total de carros no Reino Unido. Países como Dinamarca estão muito mais avançados do que nós. Não precisamos apenas de mais carros elétricos, mas também de mais incentivos para as pessoas usarem transporte público e para as montadoras fabricarem carros mais eficientes no consumo de combustível”, diz.

“O mais importante de tudo é que pouca diferença fará o aumento de carros elétricos nas ruas se a energia para recarregá-los continuar a vir de estações termelétricas sujas. Se o governo está falando sério sobre atacar a mudança climática, a prioridade deve estar em investimentos na energia eólica”, ressalta.
 
Estímulos verdes
A Carbon Trust, empresa criada pelo governo britânico com o objetivo de apontar caminhos para a redução nas emissões de carbono, disse que não comentaria assuntos ligados aos transportes. Mas Tom Delay, executivo-chefe da organização, disse ao Mercado Ético que o pacote de estímulos verdes no Reino Unido fazem todo o sentido para os negócios do país, já que ajudariam empresas a cortar custos diretos.

“O ponto é estabelecer quais medidas apoiar com os limitados fundos públicos. Acreditamos que o governo deveria considerar as opções disponíveis e tomar as medidas que ofereçam a máxima economia e corte de carbono por cada libra investida”, diz Delay.

A Carbon Trust estima que propostas como incentivo à melhor eficiência no uso de edifícios públicos, empréstimos para pequenas e médias empresas melhorarem o uso de energia elétrica e investimentos em energia eólica poderiam gerar mais de 200 mil empregos verdes até 2020 e, ao mesmo tempo, reduziriam as emissões de carbono em até 60 milhões de toneladas.

“O custo bruto desses projetos para os cofres públicos não chegaria aos 2 bilhões de libras (6,5 bilhões de reais), sendo que mais da metade desse valor seria pago em até 10 anos. Acima de tudo, esses projetos estimulariam investimentos do setor privado na ordem de 3 bilhões de libras (9,75 bilhões de reais) e diminuiria a conta de luz do Reino Unido em 1,5 milhão de libras (4,8 bilhões de reais)”, conclui Delay.