Fluidos de corte de origem vegetal ganham espaço no mercado

Alternativa ecológica atrai consumidores: custo mais alto é compensado pela produtividade

Foto: Fuchs e Notox

Indispensáveis à usinagem, os fluidos de corte têm diversas funções: melhorar o acabamento, reduzir o atrito, refrigerar a ferramenta e a peça, reduzir a névoa, entre outras. Sem eles, questões como a temperatura, o rendimento e a precisão do processo ficariam comprometidas. Por tratar do corte de materiais duros, normalmente os fluidos de corte são desenvolvidos com elementos fortes - como cloro, fenóis, metais, etc. Um dos grandes desafios industriais é utilizar um fluido de corte que seja ao mesmo tempo produtivo, seguro e ecologicamente correto.

A Fuchs, empresa fundada em 1931 e sediada em São Paulo, tem milhares de produtos. Entre eles, tanto os fluidos feitos com óleos minerais - os mais nocivos à saúde e ao meio ambiente - quanto os isentos de óleo mineral e com base vegetal. Nem sempre o produto ecologicamente correto é mais caro. "Depende da aplicação, do tipo de embalagem... Se a empresa pedir uma embalagem de mil litros, será uma embalagem retornável e portanto mais barata. O MH 1000, da linha Ecocut MH de fluidos com base sintética, é melhor pra retífica e sai quase 40% mais barato que de óleo mineral", explica Alessandro Eduardo Silva, supervisor técnico comercial da Fuchs.


Existem vários tipos de fluidos de corte, classificados geralmente quanto a sua composição química e estado físico. Soluções são misturas de água e produtos orgânicos e inorgânicos. Emulsões são óleos solúveis e fluidos semi-sintéticos. E óleos são fluidos integrais. Ainda existem os fluidos no estado de gases e névoas e os sólidos. Para as empresas, a maior preocupação é quanto à base dos fluidos: se é mineral - a mais comum e também mais nociva -, semi-sintética ou vegetal - a mais recente menos comum.

A Notox (em inglês, o nome significa não-tóxico) surgiu diante da preocupação com a saúde e o meio ambiente nos processos de usinagem. O principal produto da empresa é o Castorcut, feito com base no óleo de mamona e criado a partir de uma tese de doutorado desenvolvida na USP de São Carlos.



A tese estimulou a criação da companhia, há um ano e meio. Depois disso, foi necessária a adequação da fórmula do produto para a comercialização, pois originalmente serviria somente para a retificação de metais de baixíssima usinabilidade. O fluido de corte da Notox é isento de cloro, nitritos e fenóis, além de não ter odores desagradáveis e consumir pouco biocida.

"Na indústria alimentícia, é essencial usar fluidos não-tóxicos e acaba saindo muito mais caro para essas empresas adquirir esses produtos", diz Silva, da Fuchs. O risco de intoxicação do cliente faz com que as empresas invistam em fluidos ecologicamente corretos.

A Plantocut, linha à base vegetal da Fuchs, chega a ser entre 40 a 80% mais caro que os produtos a óleo mineral da empresa. Mesmo assim o produto é atrativo para os clientes porque, como explica Gustavo Lucchesi, sócio da Notox, o produto com base vegetal é eficiente e rende mais, portanto compensa o preço.

Por ter muitos produtos no catálogo, dificilmente a Fuchs produz novas fórmulas de fluidos com propósitos específicos. Algumas empresas, no entanto, exigem a fabricação de fluidos de acordo com suas necessidades, como a Mercedes-Benz. Mesmo assim, a empresa tem cerca de 10% do quadro de funcionários dedicada à pesquisa.

Na Notox, a pesquisa é inerente à proposta da empresa. Criada para trazer soluções ecologicamente corretas às operações da indústria metal-mecânica, a Notox tem parceria com universidades e possui um laboratório em sua sede.

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