Metais e mineração entre os setores-chave para economia circular no Brasil, aponta estudo

Relatório destaca os principais gargalos e ações estratégicas para consolidar uma agenda comum entre indústria, governo e sociedade

Cinco setores da economia brasileira são hoje considerados estratégicos para a transição rumo a modelos circulares de produção e consumo: Metais e Minerais, Plástico, Têxtil, Eletroeletrônicos e Energia. A conclusão é do relatório Brazil State of Circularity, lançado pelo Instituto Brasileiro de Economia Circular (Ibec) em parceria com a Exchange 4 Change Brasil (E4CB), durante o Fórum Mundial de Economia Circular, em São Paulo.

O documento oferece um panorama sobre os avanços e desafios da economia circular no país a partir da escuta ativa de representantes da indústria e de políticas públicas. Resultado de uma jornada de dez anos, o estudo consolida mais de 90 reuniões estratégicas e a participação de mais de 30 empresas e 10 setores econômicos, além de conexões com 12 países.

Entre os principais entraves identificados para consolidar uma agenda comum estão: a falta de letramento sobre o tema, a dificuldade de formular estratégias que extrapolem os limites individuais das empresas e setores, e a necessidade de uma mudança de comportamento no mercado, com maior valorização de produtos e serviços circulares por parte da sociedade.

Segundo a presidente do Ibec e diretora da E4CB, Beatriz Luz, o estudo responde a uma demanda crescente de investidores e especialistas que buscam entender o estágio da economia circular no Brasil. “Estamos com os olhos voltados para a COP30 e a economia circular é um elemento-chave no debate sobre descarbonização, porque traz uma nova forma de desenvolver produtos e serviços em equilíbrio com o planeta. É um convite para empresas e governos revisarem seus compromissos de redução de emissões", disse.

Com a contribuição de entidades como ABM, Abiplast, SENAI CETIQT, Eletros e ABEEólica, o relatório também propõe sete diretrizes para avançar com a circularidade. Entre elas estão:

  • Inserção da economia circular nos currículos escolares e universitários;
  • Criação de modelos de financiamento alinhados à realidade brasileira;
  • Letramento de lideranças públicas e privadas;
  • Fomento a redes de colaboração multissetoriais e internacionais;
  • Desenvolvimento do design circular para garantir a reparabilidade de produtos;
  • Elaboração de roadmaps regionais;
  • Mobilização social com campanhas de sensibilização.

"Nenhum país, nenhuma empresa e nenhuma cidade fará a transição sozinha. Precisamos nos unir para definir uma economia global que funcione sob novas regras, valores e comportamentos", enfatiza Beatriz.


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O relatório também marca o papel do Ibec como membro do fórum de especialistas do MDIC para a formulação da Estratégia Nacional de Economia Circular, além de ser a primeira organização brasileira a integrar a Coalizão de Economia Circular para a América Latina e o Caribe.

*Imagem de capa: Depositphotos.com