Tecnologia aquece venda de máquinas

A previsão de safra recorde em 2019 deve ter efeitos positivos no setor de máquinas e equipamentos agrícolas, que deve crescer cerca de 10% este ano.

A previsão de safra recorde em 2019 deve ter efeitos positivos no setor de máquinas e equipamentos agrícolas, que deve crescer cerca de 10% este ano, segundo previsão da Associação Brasileira de Máquinas da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Os números do primeiro trimestre confirmam o otimismo. Entre janeiro e março foram vendidas 9,3 mil máquinas agrícolas e rodoviárias, 23,5% a mais do que em igual período de 2018, quando foram comercializadas 7,5 mil máquinas. Os números são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). 

De acordo com a Anfavea, os bons ventos do agronegócio brasileiro têm soprado a favor da indústria, que oferece grande parte do suporte necessário para os resultados positivos no campo. Entre abril de 2018 e março de 2019, segundo a Anfavea, foram vendidas 49,5 mil máquinas agrícolas e rodoviárias, 21,9% a mais do que as 40,6 mil máquinas comercializadas nos doze meses anteriores. 

Produtores de culturas como soja e milho lideram as aquisições. “Pelo menos metade das nossas máquinas vendidas é destinada ao setor de grãos”, explica o gerente de marketing comercial da Case IH, Diogo Melnick. 

A empresa investe em máquinas de alta potência, como tratores articulados, cujas vendas devem superar as 150 unidades em 2019 apenas neste segmento. 

“Nossa perspectiva é de aumento de 10% nas vendas porque teremos safra recorde, fato que deve refletir em toda a cadeia produtiva”, afirma o presidente do conselho de administração da Abimaq, João Marchesan. “Temos que lembrar ainda que o agronegócio deu grande contribuição à economia brasileira nas últimas décadas e, durante a crise econômica, foi o único setor a crescer, garantindo o aumento de 1% no Produto Interno Bruto”, afirma Marchesan. 

O otimismo é compartilhado com os principais fabricantes, que apontam mudanças no comportamento do agricultor brasileiro, cada vez mais exigente com os equipamentos utilizados nas plantações. 


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“Existe uma procura crescente por maquinários dotados de mais tecnologia e soluções para a agricultura de precisão”, afirma o diretor de vendas da Massey Ferguson, Eduardo Nunes. 

Segundo ele, a expectativa da Massey Ferguson, que integra o Grupo AGCO, é acompanhar o aumento esperado de 10% nas vendas do setor para este ano em relação aos anteriores. O principal destaque da empresa na Agrishow – feira de tecnologia que acontece em Ribeirão Preto, em maio – será a plantadeira Momentum, primeiro projeto da AGCO desenvolvido 100% no Brasil. 

O uso da tecnologia, segundo Nunes, tem provocado mudanças significativas no agronegócio brasileiro. “Por conta da tecnologia, muitos jovens estão voltando para o campo. O operador de máquinas está buscando cada vez mais conhecimento e a cadeia do agronegócio está mais sofisticada, em um ciclo positivo”, diz o diretor da Massey Ferguson. 

“O produtor brasileiro está sempre atento às novidades e investindo muito em tecnologia”, diz o diretor de vendas da John Deere Brasil, Rodrigo Bonato. 

“Os agricultores brasileiros adotaram a agricultura de precisão mais rápido do que nos Estados Unidos”, afirma Bonato, lembrando que o Brasil é o segundo maior mercado da John Deere no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. 

A marca não divulga números regionais, mas, segundo Bonato, houve aumento de vendas de cerca de 25% nas feiras agropecuárias em que a John Deere já participou este ano, em comparação com as vendas nas mesmas feiras realizadas no ano passado. “Isso comprova o otimismo e a vontade produtor brasileiro em investir”, afirma Bonato. 

Na Jacto, a tecnologia é uma ferramenta importante para um dos grandes desafios do agronegócio: a preservação do meio ambiente. “A tecnologia é uma necessidade para se produzir mais e melhor, buscando a otimização de recursos e práticas que possam minimizar os impactos ao meio ambiente”, diz o presidente da Jacto, Fernando Gonçalves. 

O Grupo Jacto, com sede em Pompeia, no interior paulista, registrou em 2018 uma receita líquida de R$ 1,49 bilhão, um aumento de 23,6% em relação a 2017 e lucro líquido de R$ 154 milhões. Um dos lançamentos da Jacto é o pulverizador Uniport 3030 EletroVortex, que tem potencial para melhorar a qualidade das pulverizações e reduzir a quantidade de aplicações de inseticidas durante o ciclo da cultura agrícola. 

Diante dos bons resultados nos últimos anos e a perspectiva de crescimento entre 10% e 15% este ano, a New Holland Agriculture possui hoje mais de 220 pontos de vendas espalhados pelo país e também investe pesado na agricultura de precisão. Uma das novidades é o ConectarAgro, solução de conectividade aberta com a meta de cobrir cinco milhões de hectares de solos cultivados até o fim de 2019, dos quais um milhão de hectares de pequenos agricultores.

“O produtor rural vai poder usufruir, de maneira completa, do sistema da New Holland voltado para a agricultura de precisão, como piloto automático e sistema de direção de implemento na pulverização”, diz o diretor de mercado da New Holland Agriculture no Brasil, Alexandre Blasi.