Lucro da Iochpe-Maxion salta 3.000% em 2018

Multinacional brasileira com 31 fábricas em 14 países apura receita líquida anual de R$ 9,6 bilhões

Com 31 fábricas de rodas e componentes estruturais espalhadas por 14 países, o grupo multinacional brasileiro Iochpe-Maxion fechou 2018 com receita operacional líquida de R$ 9,6 bilhões, em expressivo crescimento de 28,4% sobre 2017 – ou de 14,3% sem considerar a variação cambial favorável da desvalorização do real, já que a companhia faz 75% de seu faturamento no exterior, em dólar e euro. Mas o maior avanço mais notável do balanço divulgado na terça-feira, 12, é o vistoso salto de 3.000% no lucro líquido, que somou R$ 201 milhões, contra R$ 6,4 milhões um ano antes. 

O avanço foi obtido graças à consistente geração de caixa medida pelo EBTIDA (ganhos antes de impostos, despesas financeiras e depreciação de ativos), que cresceu também expressivos 32,4% de 2017 para 2018, somando pouco mais de R$ 1 bilhão, ao mesmo tempo em que a dívida líquida de R$ 2,3 bilhões foi reduzida para 2,2 vezes o valor do EBTIDA, contra 2,8 vezes um ano antes. Isso ocorreu porque a empresa conseguiu redefinir o perfil de suas dívidas contraídas no início da década, fazendo a troca por crédito mais barato. 

“Foi um bom ano, com faturamento diversificado em diversos países onde temos operação, assim conseguimos manter geração consistente de caixa. Ao mesmo tempo, reduzimos os custos das dívidas que fizemos no passado recente para viabilizar aquisições importantes. Essa combinação garantiu o salto no lucro líquido”, explica Marcos de Oliveira, presidente do grupo Iochpe-Maxion.

A estratégia de internacionalização da empresa adotada nesta década vem se pagando a cada ano. Para se ter ideia de quanto, em 2010 a Iochpe-Maxion faturou R$ 2,3 bilhões e 18,4% da receita vinha do exterior, oito anos depois a contribuição das operações externas subiu para 75,3% dos R$ 9,62 bilhões faturados em 2018, sendo que 36,5% dos recursos foram de vendas na Europa, 29,2% na América do Norte, 24,6% na América do Sul e 9,6% na Ásia e outras regiões. As vendas domésticas realizadas no Brasil somaram R$ 2,37 bilhões, em alta de quase 30% sobre 2017. 


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“Enquanto o mercado caiu fortemente no Brasil, nossa forte presença internacional compensou as perdas, assim nossa geração de caixa continuou a avançar consistentemente durante todos esses anos”, destacou Oliveira. “Adotamos a estratégia de produzir onde vendemos, por isso temos fábricas em 14 países. Isso garante hedge natural (proteção contra variações cambiais) e equilíbrio financeiro para manter a operação lucrativa”, acrescenta. 

Somando atualmente 15 mil funcionários no mundo todo e com produtos vendidos em 42 países, a maior unidade de negócios é a de fabricação de rodas de aço e alumínio, para veículos leves e pesados, a Maxion Wheels, que em 2018 contribuiu com 81% do faturamento global. A área de autopeças estruturais Maxion Structural Components colaborou com os 19% restantes. 

Segundo o informe financeiro divulgado pela Iochpe-Maxion, maior impacto positivo sobre o faturamento em 2018 veio da recuperação do mercado de veículos comerciais no Brasil e na região do Nafta (Estados Unidos, Canadá e México), que compensaram resultados negativos causados pela queda das vendas de veículos leves na Europa e retraçãoo de exportações para a Argentina. 

Investimentos e crescimento

Em 2018 a Iochpe-Maxion completou investimentos de R$ 507 milhões, pouco mais que o dobro dos R$ 246 milhões de 2017. Os recursos foram usados em desenvolvimento de novos produtos, ampliação e modernização de fábricas. A maior parte foi aplicada em uma nova unidade de produção de rodas de alumínio na Índia e uma linha de estampados no México. 

No Brasil, o principal investimento já foi feito em 2016, quando foi inaugurada fábrica em Limeira (SP) com capacidade de produzir 800 mil rodas de alumínio por ano, para atender à crescente demanda doméstica do mercado por este componente. A unidade se somou ao potencial da planta de Santo André (SP), de até 1,8 milhão de rodas de alumínio por ano. Ambas trabalham hoje em três turnos próximas do limite. Oliveira reconhece que nos próximos dois anos será necessário fazer investimentos adicionais para elevar o potencial produtivo. 

Também na terça-feira a empresa anunciou investimento de € 8 milhões para construir nova fábrica na China com capacidade de até 2 milhões de rodas de alumínio por ano. O empreendimento é feito em sociedade meio a meio com a divisão de autopeças da Dongfeng, que deverá direcionar a produção para fabricantes de veículos leves e consumo próprio – a empresa fabrica alguns milhões de carros no país sob sua própria marca e em sociedade com outras montadoras, como o Grupo PSA. A nova unidade deverá ter papel fundamental para ampliar o faturamento na Ásia no maior mercado mundial de veículos. 

A Maxion Wheels já tem na China uma planta de rodas de aço para veículos comerciais, que opera com volumes bem menores. “Quando fizemos o primeiro investimento no país, em 2008, o objetivo era exportar para a Europa, mas as condições mudaram e a operação se focou no mercado chinês. Agora, com a produção de rodas de alumínio vamos atingir onde está a maior demanda”, diz Oliveira. 

Somando a nova unidade chinesa com a expansão da capacidade de produção da linha de rodas de alumínio que a Maxion já tem na Tailândia, mais a nova fábrica na Índia (onde também só produzia rodas de aço), o faturamento na Ásia deverá ser substancialmente ampliado, “mas isso deverá ocorrer a partir de 2020, quando os investimentos que estamos fazendo na região estiverem todos finalizados”, segundo explica Oliveira. 

Para este ano, o executivo não revela projeções de porcentuais ou faturamento, mas a empresa trabalha com expectativa de crescimento das vendas no Brasil e na Ásia, estabilidade na Europa e América do Norte.