Economia Circular é a tônica das grandes produtoras de plástico

O tema sustentabilidade, tecnologia e a importância do plástico no mundo foi debatido no quinto dia do Fórum Feiplastic.

A adaptação gradativa dos processos de toda cadeia de produção à chamada economia circular tem sido a tônica das grandes marcas produtoras de plástico, ou até mesmo empresas como do grupo JBS, a maior produtora de proteína animal do mundo, que não faz parte do setor,  mas é grande consumidora de embalagens plásticas para os seus produtos. Os temas “Economia Circular”, a importância do plástico no Brasil e no mundo, sustentabilidade e tecnologia foram debatidos no quinto dia do Fórum Feiplastic 2017 com especialistas representantes da Braskem, Grupo Solvay, Dow, Plastivida do Brasil, Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e Sinctronics.

Os desafios impostos pelas mudanças que ocorrem no planeta, sobretudo quanto ao aumento populacional, que deverá chegar em 2030 a 8,3 bilhões de pessoas, a consequente necessidade de consumo de água, energia e alimentos, sem que os recursos naturais sejam exauridos, fazem com que o assunto sustentabilidade seja a prioridade das agendas das empresas.

Dow e Braskem possuem programas com resultados positivos

O líder de Sustentabilidade da Dow, Julio Natalense, um dos debatedores da Fórum Feiplastic, afirmou que é fundamental a adoção de processos que adotem a lógica da economia circular (em que possa haver a reinserção dos produtos na cadeia de produção e consumo sem grandes perdas) no lugar da “economia linear” (cujo ciclo que vai da extração dos recursos da natureza, passa pela produção, consumo e finalmente pelo descarte como lixo, sem levar em conta a sustentabilidade do processo).

De acordo com ele, a Dow adota desde 1995 ciclos que a cada 10 anos são aprimorados no sentido de se atingir metas concretas de sustentabilidade, como redução de consumo de água, energia e resíduos, além bem buscar a colaboração de outras empresas para o mesmo objetivo. “Em nosso primeiro ciclo, a Dow foi capaz, por exemplo, de reduzir seu consumo de energia equivalente ao gasto de oito milhões de residências durante um ano”, afirmou.


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Na Braskem, existem programas desenvolvidos para apoiar a cadeia da economia circular, como o Wecycle. Lançada na última Feiplastic, em 2015, trata-se de uma plataforma de valorização de resíduos, cujo objetivo é fomentar negócios e soluções que envolvam a reciclagem do plástico por meio de parcerias com organizações que já atuam ou têm interesse em atuar nesse segmento. O diretor de Desenvolvimento Sustentável, Jorge Soto, mencionou ainda outro programa na mesma linha, o de produção de sacarias (Big Bags) a partir de embalagens recicladas de produtos Braskem.

Logística reversa: não eprder valor no processo de reciclagem

A Sinctronics, primeiro ecossistema integrado de soluções sustentáveis voltado para o mercado de eletroeletrônicos, especializado em logística reversa, atua no sentido de “fechar” o ciclo de vida dos produtos, seja reintroduzindo em sua própria cadeia produtiva ou em outra cadeia que possa reaproveitar totalmente os componentes triturados, como na construção civil, por exemplo. De acordo com o gerente de logística, Josué Graton, também participante do Fórum, é importante não “desagregar valor” nos processos de reciclagem onde inclui a logística reversa. Ele citou um exemplo como a carcaça de uma impressora que depois de reprocessada deve continuar a ser impressora, “não um vaso”, brincou. Graton lembrou que a geração de empregos no setor onde atua. “A cada duas toneladas de eletroeletrônicos reciclados, um emprego é gerado”.

Mesmo o grupo JBS, produtor de proteína animal, a reciclagem, incluindo a de materiais plásticos, é parte integrante dos processos de produção. A diretora de Novos Negócios da JBS Ambiental, Andressa de Mello, informou que 23% das embalagens utilizadas nos seus produtos são reaproveitadas através de reprocessamento feito por uma empresa recicladora própria.

O consumidor final é outro elemento fundamental para uma economia circular virtuosa, uma vez que precisa integrar o ciclo colaborando com o descarte correto de embalagens e resíduos. Para o presidente da Plastivida e Instituto Brasileiro do PVC, Miguel Bahiense, sem a participação das pessoas nesse processo não é possível avançar rumo a uma sociedade mais sustentável. “O cidadão já está meio acostumado a preparar o descarte da latinha de cerveja que ele consome no churrasco de fim de semana, mas não faz o mesmo com as outras coisas, como o prato, o garfo ou o copo de plástico. Todos esses resíduos devem ser limpos e separados para a reciclagem”, recomendou.