Reposição já supera os R$ 100 bilhões no Brasil

Estudo revela crescimento acelerado da venda de peças para manutenção.

O crescimento exponencial da frota nacional, que na última década dobrou para mais de 40 milhões de veículos em circulação, acelerou também o mercado de peças de reposição no Brasil, que já supera a barreira dos R$ 100 bilhões de giro financeiro. Apenas nos últimos três anos, o faturamento do setor cresceu expressivos R$ 11 bilhões, saltando de R$ 94,7 bilhões em 2012 para quase R$ 106 bilhões em 2014. O cálculo é do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), que computou as vendas de componentes automotivos no aftermarket de montadoras, atacadistas e varejistas, incluindo as oficinas mecânicas. O estudo é o primeiro que levanta o real tamanho do setor no País e traz à tona seus grandes números.

Das 314,9 mil empresas que atuam no aftermarket automotivo, segundo o estudo do IBPT, a maior porção do faturamento das vendas de autopeças para reposição é dos varejistas, com R$ 63,8 bilhões em 2014, correspondente a 60,3% do total. A seguir vêm os atacadistas, que faturaram R$ 33,3 bilhões no ano passado, 31,5% de participação. As montadoras participam com 8,2% do giro do segmento, revenderam R$ 8,7 bilhões em peças às suas concessionárias no último ano.

Embora tenham a menor fatia do mercado de reposição, os fabricantes de veículos vêm registrando o maior crescimento porcentual das vendas de autopeças: de 2012 a 2014 essas receitas avançaram 14,5%, enquanto os atacadistas registraram expansão de 12,1% no mesmo período e os varejistas de 11,1%.

A expansão dos negócios no aftermarket vem se refletindo diretamente na composição do faturamento das fabricantes de componentes. Segundo dados do Sindipeças, que reúne cerca de 500 empresas do setor, as receitas do mercado de reposição vêm aumentando desde 2013, quando representavam 14,5% do total, e avançaram para 17% em 2014. Com a perspectiva de baixa na produção de veículos novos no País, o Sindipeças já projeta que as vendas das associadas ao aftermarket este ano e no próximo respondam por 19% do caixa.


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Os produtos com maior giro de vendas no mercado de reposição são lubrificantes, componentes de freios, baterias, amortecedores, velas de ignição, pneus, filtros, correias, lâmpadas de faróis, vidros e acessórios. A maioria dos componentes é fabricado no Brasil, mas cerca de US$ 2 bilhões são importados pelas montadoras, distribuidores atacadistas e empresas varejistas de autopeças, conforme levantou o IBPT.

Alta rentabilidade

O estudo também abordou a diferença entre o preço de compra e de venda da mercadoria. Nessa comparação, as montadoras são as que aplicam a menor margem, 29% em média. Distribuidoras atacadistas trabalham com 31% e os varejistas 53%.

O IBPT apurou que a margem de rentabilidade no mercado de reposição como um todo foi de 14% em 2013 e baixou para 9% em 2014. “No ano passado três fatores influenciaram essa queda: maior concorrência das montadoras contra atacadistas e varejistas, o que provocou disputa de preços; o aumento dos custos de produção e a desvalorização do real impactando no preço de itens importados; e a desaceleração da atividade econômica (PIB de 0,1%), que afetou renda e emprego com forte consequência na atividade de comércio e serviços”, explica o advogado Gilberto Luiz do Amaral, presidente do conselho superior do IBPT que coordenou o estudo sobre as vendas de autopeças.

Mesmo com a baixa na rentabilidade, o negócio de autopeças para reposição figura com as maiores margens do setor automotivo, substancialmente melhores quando comparadas com as vendas e exportação de veículos novos.

“Apesar da queda da rentabilidade, houve aumento na quantidade de produtos vendidos pelo mercado, aspecto que abordaremos no próximo estudo do mercado de reposição automotiva”, adianta Amaral.