Tenneco: centro tecnológico e nova fábrica estão atrasados

Prevê queda de 12% no fornecimento para leves e de 20% para pesados.

O grupo norte-americano Tenneco, que fornece no Brasil amortecedores Monroe, borrachas e componentes de suspensão da Monroe Axios e sistemas de exaustão da própria marca Tenneco para veículos leves e pesados, está completando 40 anos de produção de amortecedores no Brasil com a missão de dar sequência a dois investimentos anunciados no ano passado: a construção de um centro de desenvolvimento de produtos em Mogi Mirim (SP) e de uma nova fábrica em Camaçari (BA). 

Como ambos os empreendimentos estão atrasados, o plano de investimento da empresa que era de US$ 17,5 milhões para 2013 foi reduzido para US$ 10 milhões. Os projetos serão tocados a partir deste ano com novo aporte de US$ 18 milhões. 

Durante jantar de comemoração dos 40 anos da Monroe Amortecedores, na quarta-feira (9), em São Paulo, Guillermo Minuzzi, presidente da Tenneco na América do Sul, revelou que a fábrica baiana está pronta. Foi montada em prédio alugado de cerca de 2,5 mil metros quadrados de área construída, onde 20 profissionais montarão amortecedores e escapamentos para a também norte-americana Ford. O início das operações da unidade estava previsto para março deste ano, mas elas ainda estão paradas por causa do atraso da montadora no projeto do Novo Ka. 

“Vamos entregar peças tanto para o Ka compacto, quanto para o Ka sedã. O contrato previa fornecimento dos componentes desde março deste ano. Mas o lançamento do carro foi adiado para junho e agora para julho, mudando os planos iniciais. Enquanto isso, pagamos aluguel do prédio por três meses sem estar em atividade”, explica Minuzzi. A capacidade inicial da planta é de 24 mil amortecedores por dia, mas ainda não tem entregado nenhum. 

O presidente disse que já tem negociado com a própria Ford e outras empresas da região novos projetos, mas ainda não há nada definido. O Grupo Tenneco investiu mais de US$ 2,5 milhões na unidade. 


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O centro tecnológico, que será o primeiro do grupo no Brasil, ainda não saiu do papel. Ele será erguido com investimentos de mais de US$ 15 milhões próximo a duas fábricas da empresa, uma de amortecedores e outra de sistemas de exaustão, e estava previsto para o primeiro semestre de 2014. Segundo Minuzzi, o atraso aconteceu por causa de problemas com o terreno. 

“Tivemos que mudar todo o layout do projeto, porque não conseguiríamos o fornecimento suficiente de energia para o local dos laboratórios. O prédio administrativo vai ficar no lugar do prédio de desenvolvimento. A àrea que temos é boa, de 30 mil metros quadrados, mas o que dificulta é a a proximidade a um rio”.

Diante das alterações, o grupo decidiu dividir a construção do centro de desenvolvimento em três fases. Na primeira, que deve ser concluída até o fim de 2014, serão montados escritórios. Para a segunda, a meta é instalar equipamentos até 2015. Na terceira, que não deve passar de 2016, os testes começam a ser feitos. 

A princípio o principal papel do centro será desenvolver e validar novas tecnologias para sistemas de escapamentos utilizados em veículos pesados e em máquinas agrícolas e de construção, além de realizar pequenos testes com amortecedores. 

“O projeto atrasou mas ainda será concluído em um período importante da indústria. Com o centro pronto em 2016, o nosso foco será desenvolver componentes de exaustão que já atendam a homologação do Proncove Euro 6”, aponta o executivo. 

Mercado 

O Grupo Tenneco espera um segundo trimestre ainda mais complicado do que já foi o primeiro para o setor de autopeças. Minuzzi explica que a frota veicular tem crescido, mas que a reposição das peças não tem acompanhado a evolução. “Com melhor qualidade, as peças tem demorado mais para serem trocadas. Fora isso, enfrentamos a concorrência crescente dos produtos importados. Se crescermos este ano no aftermarket será muito pouco. No mercado OEM, com as montadoras reduzindo o ritmo de produção para conter estoques, a queda também será inevitável.” 

Somado os dois negócios, Minuzzi acredita que o setor terá queda de 12% na produção de peças para veículos leves e de mais de 20% na fabricação de componentes para veículos pesados. “O atraso na regulamentação do Finame/PSI no início do ano e agora na adoção do financiamento simplificado deverá ser sentido até o segundo trimestre”, comenta. 

Atualmente, o grupo fornece componentes no Brasil para Mercedes-Benz, Scania, Volvo, Fiat, General Motors, Ford, entre outros. Produz para montadoras e aftermarket 6 milhões de amortecedores e 50 milhões de borrachas por ano no País. Além disso, monta 100 mil conjuntos de escapamentos anualmente para atender apenas o mercado OEM. Seu faturamento na região da América do Sul foi de US$ 550 milhões em 2013. Mas tende a cair se não houver retomada do mercado.