Receita do setor de implementos agrícolas deve cair este ano

Receita do setor de implementos agrícolas deve cair este ano

Depois de um resultado recorde em 2013, o setor de implementos agrícolas deverá registrar este ano uma queda de 5% no faturamento nominal, de acordo com Gilberto Zancopé, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
 
A CSMIA representa 232 empresas do ramo de um total de cerca de 300 atuando no mercado brasileiro, segundo Zancopé.
 
Os números do desempenho do setor em 2013 ainda não foram divulgados, mas o presidente da CSMIA estima um crescimento em torno de 15% na receita frente a 2012 (R$ 10,82 bilhões), o que deve levar a um faturamento de cerca de R$ 12,4 bilhões. O resultado, avalia Zancopé, foi impulsionado pela conjuntura de preços altos dos produtos agrícolas, safra volumosa e "políticas públicas adequadas" - como os juros extremamente atrativos do Programa de Sustentação do Investimento (PSI, do BNDES), responsável por cerca de 60% das vendas desses produtos.
 
Até outubro do ano passado, o faturamento nominal do setor totalizava R$ 11,199 bilhões, aumento de 19% na comparação com igual intervalo de 2012.
 
Para 2014, o dirigente prevê recuo no faturamento em função da expectativa de queda na rentabilidade dos produtores rurais, aumento de custos para combater pragas, como a Helicoverpa armigera, e preços mais baixos da soja.
 
O aumento dos juros do PSI para este ano - que passou de 3,5% no segundo semestre de 2013 para 4,5% para pequenos e médios produtores e 6% aos grandes - também poderá contribuir para uma desaceleração nas vendas na comparação com 2013, considerado um "ano de ouro", mas ainda assim o resultado pode ser considerado positivo, diz Zancopé.
 
Em janeiro praticamente não deverá haver comercialização de implementos pelo PSI, afirma Zancopé, pois até então não havia sido publicada circular para os bancos atualizarem o sistema. Depois disso, os bancos podem demorar alguns dias para firmar novos contratos.
 
O presidente da CSMIA, da Abimaq, estima ainda que o segmento de pulverizadores poderá crescer 10% este ano em função da demanda por conta do ataque de pragas como a lagarta helicoverpa, que exige pulverizações de defensivos com maior frequência. Mas outros setores poderão apresentar reduções nas vendas.
 
As importações de implementos, que haviam crescido significativamente nos últimos anos, começaram a recuar em 2013 e deverão ser reduzidas ainda mais este ano, estima Zancopé. Um dos motivos é o câmbio atual que encarece esses produtos. Há ainda a impossibilidade, desde meados de 2013, de financiar essa aquisição com taxas de juros subsidiadas dos recursos obrigatórios para a agricultura dos depósitos compulsórios que as instituições financeiras fazem ao Banco Central. "O Tesouro brasileiro estava subsidiando empresas no exterior", diz Zancopé.
 
Nos primeiros dez meses de 2013, as importações de implementos agrícolas recuaram 11,1% sobre igual intervalo de 2012, para US$ 535,9 milhões. Já as exportações, também em um comportamento oposto do que vinha sendo observado recentemente, cresceram 9%, para US$ 823,7 milhões, na mesma comparação.
 
O setor, que vem perdendo competitividade nos últimos anos, recuperou-se mais em função do câmbio. A América Latina é o principal mercado.
 
Zancopé projeta que os embarques devem crescer mais que 10% este ano em relação a 2013. Conforme ele, muitas empresas querem exportar mais este ano. É o caso da paulista Baldan. A empresa exporta para mais de 70 países. O conselheiro da companhia, Walter Baldan Filho, disse que se o câmbio se mantiver nos patamares atuais, as exportações serão favorecidas. Ele estima que vendas externas da companhia vão crescer principalmente este ano para os mercados da América Latina e África.
 
O faturamento da Baldan este ano deverá crescer de 5% a 10% sobre 2013. No ano passado, a receita da empresa foi de cerca de R$ 450 milhões, aumento de 20% em relação a 2012, conforme Baldan Filho. A companhia tem apenas uma unidade industrial em Matão (SP) e comercializa toda a linha de preparo do solo, plantio e colheita (plataformas).

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