Produção de carros cai 2,5% em outubro

Apesar das promoções feitas pelas montadoras, estoques seguem em nível elevado, o equivalente ao resultado de 40 dias de vendas.

A produção de veículos no mês passado caiu 2,5% na comparação com setembro, mas foi o melhor mês de outubro da história, com a marca de 323,8 mil unidades. No ano, foram produzidos 3,165 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, alta de 12,4% em relação aos dez meses de 2012.

O resultado contrasta com as vendas que, no acumulado, estão 0,7% menores que em igual período do ano passado. Fábricas e revendas seguem com estoques suficientes para 40 dias de vendas, mesmo nível de setembro, apesar do esforço realizado pela maioria das fabricantes, com feirões e promoções como financiamento com juro zero e prazos de até 60 meses.

O número de carros nos pátios de fábricas e lojas passou de 420.7 mil em setembro para 439.7 mil no mês passado.

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, a produção está sendo puxada pela alta das exportações - de 30,6% no ano - e pela queda das importações - de 11,4%. "A produção nacional está substituindo os importados", afirma o executivo.

Com a produção em alta, o setor contratou 1.376 funcionários em outubro, dos quais 260  pelas fabricantes de máquinas agrícolas, segmento que vendeu, até outubro, mais do que 2012 inteiro. Ao todo, a indústria automobilística emprega hoje 156,1 mil trabalhadores, 6,6 mil a mais que há um ano.

A Anfavea espera encerrar o ano com produção recorde de 3,79 milhões de veículos, 11,9% acima de 2012. Para as vendas, a expectativa é de aumento de 1% a 2%, entre 3,84 milhões e 3,88 milhões de unidades, o que também seria recorde. Entre executivos do setor há quem acredite em empate com as 3,8 milhões de unidades vendidas em 2012 ou até queda média de 1%.


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Moan aposta na alta nos dois últimos meses do ano, quando tradicionalmente há um pico de vendas. Além disso, a expectativa da volta da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), ainda que parcial, deve levar mais clientes às lojas.

Na sexta-feira, Moan ouviu do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que haverá um "pequeno reajuste" na taxa do IPI em janeiro, mas o ministro não detalhou porcentuais.

Moan diz que a renúncia na arrecadação do IPI em decorrência do corte das alíquotas para os automóveis a partir de maio de 2012 foi compensada pela alta dos demais tributos. Pelas contas da Anfavea, a arrecadação do IPI teve perda de R$ 4,8 bilhões no período, mas ao somar os demais impostos (PIS/ Confins, IGMS e IPVA), o saldo é positivo em R$ 6 bilhões.

Leasing. Outro item que pode ajudar nas vendas é a recente aprovação da legislação para o financiamento via leasing, espécie de arrendamento mercantil.

 Os juros para o leasing são mais baixos. Em setembro, a taxa média para pessoa física era de 10,96% ao ano, em comparação aos 21,23% para o Crédito Direto ao Consumidor (CDC).

"O leasing já foi 41% do funding de financiamentos de veículos há cinco anos e agora é menos de 2%", diz Moan, que reclama da atual dificuldade na liberação de crédito, apesar da queda na inadimplência. de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional.

Ele citou a previsão do BC para o índice em 12 meses até o terceiro trimestre de 2015, de 5,4%, ao dizer que as projeções estão acima da meta, mas que a isso não é definitivo. Hamilton se referiu às projeções da instituição como um exercício dinâmico que vai sendo ajustado à medida que os resultados vão aparecendo.

O diretor também fez uma avaliação otimista de uma mais forte retomada do crescimento econômico e da oferta de crédito no fim deste ano. O crescimento da economia deve ser maior no quarto trimestre do que no terceiro trimestre de 2013, em sua avaliação. Ele disse também que está mantida a previsão de crescimento de 2,5% para o desempenho do PIB no ano, como já informado pelo Banco Central.

Hamilton citou ainda vários fatores para a recuperação da economia, entre eles, o reflexo do maior crescimento global nas exportações brasileiras e das concessões na área de infraestrutura. Questionado sobre o impacto do câmbio na inflação, o diretor disse apenas que há repasse, mas que o BC não trabalha com uma taxa de câmbio específica.

Disse ainda que o programa de intervenções no câmbio, por meio de swaps e leilões de linha diários, pode ser prorrogado para 2014. "Isso vai depender da avaliação do BC. A possibilidade está aberta", afirmou.

Por Cleide Silva/ O Estado de S. Paulo


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