Energia

Wilson Sergio, colaborador

Certa vez dois exércitos estavam frente a frente para iniciar uma batalha, todos estavam com os olhos no inimigo ao mesmo tempo em que aguardavam atentos os comandos do general. Porém em uma das tropas, um soldado não agüentou resistir o momento de ansiedade e avançou sobre as fileiras inimigas e matou vários soldados inimigos; retornando à formação logo em seguida. Então o general ordenou imediatamente que o decapitassem.

O tenente interviu e disse: general esse é um soldado dos mais talentosos, foi tão corajoso e forte que derrubou dezenas de soldados inimigos não é uma controvérsia militar que seja castigado? Concordo contigo ao tecer louvores ao homem– respondeu o general -, porém, eu não dei aquela ordem! E disse ainda o general com mais firmeza - Prossiga com o castigo! Isto vem de encontro de que um trabalho em equipe deve valorizar as qualidades individuais de cada membro, porém, a disciplina da equipe deve ser mantida com certo vigor, a autoridade pode surgir sem cara feia, mas às vezes deve-se sacrificar um para que o todo permaneça em sua essência. Assim nem os valentes se arriscam nem os covardes fogem.

Em princípio, comandar uma grande força é a mesma coisa que comandar alguns homens: é apenas uma questão de dividir seu efetivo. Combater com um grande exército sob seu comando, de modo algum é diferente de combater com um pequeno: é meramente uma questão de estabelecer sinais e senhas. Administrar uma grande organização é, em princípio, igual a administrar uma pequeno: é uma questão de organização.

Dirigir uma grande equipe é igual a dirigir uma pequena: é uma questão de comando disciplinado e imparcial. Capacitar que uma organização inteira seja capaz de resistir às mudanças internas e globais sem sofrer danos, é uma questão de aplicação correta das táticas administrativas. Para garantir que toda a sua tropa possa agüentar o ímpeto do ataque inimigo e permanecer firme, faça manobras diretas e indiretas.

Em todo o combate, o método direto pode ser usado para coordenar a batalha, mas os indiretos serão necessários para garantir a vitória.A tática indireta, eficientemente aplicada, é tão inexaurível quanto Céu e Terra; ininterrupta, como o fluxo de rios e correntes; como o sol e a lua, ela termina para recomeçar; e como as quatro estações, ela passa para retornar mais uma vez. Ao adotar táticas frontais ou de surpresa, um gerente assegura que sua equipe não sofra reveses frente ao mercado ou à concorrência. A descoberta dos pontos fortes e fracos permite que a equipe mantenha o moral e atue de maneira vigorosa sobre as diversas questões.

Durante um trabalho, o líder deve adotar táticas frontais, se quiser confrontar a concorrência e táticas de surpresa, se quiser conquistar a vitória. Não há mais que cinco notas musicais e todavia a combinação delas dá surgimento a mais melodias do que as já conhecidas. Não existem mais que cinco cores primárias e, no entanto, sua combinação produz mais matizes do que os já vistos. Não conhecemos mais de cinco paladares fundamentais - ácido, picante, salgado, doce, amargo - e, no entanto, a combinação deles produz mais sabores que os já provados O líder, em seu plano de ações controla cinco campos fundamentais:

Recursos humanos, Recursos Materiais, Prazos, Quantidade/custo e Local, ao aplicar táticas para esses cinco elementos combinados, possui um leque de possibilidades infinitas em sua estratégia, com enorme flexibilidade e de maneira cíclica, antecipando os movimentos do mercado e replanejando a tempo de corrigir as fugas do processo para atingir a meta.

Na batalha, porém, não há mais de dois métodos de ataque: o direto e o indireto;todavia, a combinação dá ensejo a uma infindável série de manobras. Um método sempre conduz ao outro. É como mover-se em círculo: nunca chega-se ao fim. Quem pode esgotar as possibilidades de sua combinação? Assim são as operações estratégicas, existem apenas as operações frontais e as de surpresa, mas suas variações e combinações darão lugar a uma série infinita de atos. Táticas frontais e de surpresa são mutuamente dependentes e são como um movimento cíclico que não tem nem um começo nem um fim. Quem pode saber sua infinidade? 
 
O assalto de soldados é como o ímpeto de uma torrente, que carrega pedras no seu curso. A qualidade da decisão é como a calculada arremetida de um falcão, que lhe possibilita atacar e destruir sua vítima. Portanto, o bom combatente deve ser terrível no seu ataque e rápido na decisão. Acontece o mesmo com um líder, que pode explorar sua própria posição de vantagem e lançar um ataque rápido e preciso. O potencial dele deve ser como um arco, completamente esticado, que lança, no momento preciso, a flecha certeira. No tumultuoso mercado, a sua equipe permanece calma.

No caos da economia, onde as posições mudam constantemente, ele permanece invulnerável. A energia pode ser comparada ao retesar de uma besta; a decisão, ao acionar do gatilho. Entre o fragor e o tumulto de um combate, pode parecer haver confusão e, na verdade, isso de fato não acontece; entre a confusão e o caos uma formação de tropas poderá parecer sem pés nem cabeça e todavia ser impenetrável à derrota. A confusão simulada requer uma disciplina perfeita; o medo fingido exige coragem; a fraqueza aparente pressupõe força. Esconder a ordem sob a capa da desordem é apenas uma questão de subdivisão; ocultar a coragem sob um ar de timidez pressupõe um fundo de energia latente; mascarar a força com a fraqueza é ser influenciado por disposições táticas.

 Então, se o líder deseja que o mercado ou a concorrência se movimente, ele se mostra: e o inimigo certamente o seguirá. Se ele quer atrair o inimigo, ele ilude, apresentando algo lucrativo para o inimigo, e o inimigo por certo acreditará. Assim, o comandante oferece ao inimigo pequenas vantagens, mas o espera armado e com toda a sua força. É como fazem alguns monges guerreiros, fingiam-se de bêbados para não representarem ameaças. O mesmo o fazem as pequenas empresas que não querem ser compradas, extintas ou expulsas do mercado pelas grandes.

Incomodam às escondidas valendo-se da vantagem estratégica criada. Assim, aquele que for hábil em manter o inimigo em movimento, conserva uma aparência decepcionante, de acordo com a qual o inimigo irá agir. Sacrifica uma coisa que o inimigo poderá pegar; lançando iscas, ele o mantém em ação, então, com um corpo de homens selecionados, fica à sua espera.O guerreiro inteligente procura o efeito da energia combinada e não exige muito dos indivíduos. Leva em conta o talento de cada um e utiliza cada homem de acordo com sua capacidade. Não exige perfeição dos sem talento.

Um líder qualificado em assuntos de mercado explora sua vantagem estratégica e não a pede aos seus homens. Assim, esse líder deve saber selecionar os homens certos e explorar uma situação favorável. A habilidade de incomodar sem aparecer exige um perfeito sincronismo nas ações pretendidas, atraindo os interessados para um campo de pleno domínio, onde com todo o seu pessoal talentoso possa-se realmente mostras seu potencial. É como a bolsa de valores, especula-se para baixar ou aumentar os valores, recuando ou avançando na hora certa com informações precisas e pessoal realmente qualificado para adotar a atitude mais positiva e conseqüentemente a que torne mais lucrativa a venda ou a aquisição de ações.

 Quando utiliza a energia combinada, seus soldados transformam-se em pedras ou troncos rolantes. Pois faz parte da natureza de um tronco ou de uma pedra permanecer imóvel no terreno plano e mover-se num declive; se são quadrados, ficam parados, mas se são redondos, descem rolando. Assim, a energia desenvolvida por bons guerreiros é como o movimento de uma pedra redonda, rolando por uma montanha de 300 metros de altura. Isso no tocante à energia. Quem explora a vantagem estratégica, dirige seus homens fortalecendo suas características – qualificando-os. A natureza dos qualificados é permanecerem impassíveis se o mercado é agressivo; ou moverem-se rapidamente se o mercado é passivo; adaptam-se conforme a situação exige.

Assim, a vantagem estratégica do líder pode ser comparada a uma pedra redonda que rola por uma montanha íngreme no momento do impacto da parada. É este o significado de vantagem estratégica. Essa é a idéia de ENERGIA. Vencer sem lutar, mesmos possuindo o poder de vencer lutando!


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