GM espera crescimento máximo de 0,5%

Juro e inflação em alta inibem expansão maior. Para 2014 a expectativa é de avanço de 3%.

A General Motors já reduziu para 0,5% sua projeção de crescimento máximo do mercado brasileiro de veículos este ano, para até 3,82 milhões de unidades, mas também já trabalha com a possibilidade de que o número fique igual ou mesmo um pouco menor em relação a 2012. “A economia este ano não teve desempenho tão forte quanto se esperava no início de 2013 e deve crescer de 2% a 2,5%, segundo a maioria dos analistas”, disse Santiago Chamorro, presidente da GM Brasil. Para justificar o rebaixamento das expectativas, ele enumera os fatores macroeconômicos que vêm puxando o consumo para baixo: elevação do custo de vida (inflação) e a consequente alta dos juros que afeta a concessão de crédito. 
 
“Os juros do varejo acompanham a tendência de alta da Selic (juro básico do BC), enquanto a inflação pesa no bolso das famílias. Esses fatores levam as pessoas a pensar se ainda conseguem dispor de R$ 700 ou mesmo R$ 500 por mês para comprar um carro novo”, pondera Chamorro. “Essa métrica gera grandes pontos de tensão no nosso setor, porque 65% das vendas são financiadas”, destaca. O executivo avalia que o ambiente econômico desfavorável jogou a confiança do consumidor para baixo e afeta negativamente o resultado do setor este ano.
 
Em um gráfico que mostra as diferentes velocidades do mercado entre 2012 e 2013, Chamorro aponta que no início do ano passado o desempenho apontava um ano de 3,6 milhões a 3,7 milhões de unidades. Com o desconto do IPI concedido pelo governo, o ritmo subiu rapidamente para 4 milhões e, já no último trimestre de 2012, baixou para 3,8 milhões com as sucessivas prorrogações do imposto menor. Este ano o velocímetro do mercado começou marcando 3,97 milhões de veículos vendidos, mas com a intempérie econômica foi gradativamente caindo, até chegar a 3,55 milhões no quarto trimestre. 
 
GM tem desempenho estável
 
Apesar da desaceleração, a expectativa é de retomada moderada em 2014. A projeção da GM é de expansão do mercado nacional em torno de 3% sobre 2013. “A indústria (automobilística) hoje está crescendo no mesmo ritmo da economia. Não é mais como anos anteriores em que o setor avançava quatro ou três vezes mais do que o PIB. Por isso a estimativa está em linha com o avanço do PIB para o próximo ano”, disse Jaime Ardila, presidente da divisão América do Sul da GM, a GMSA. “O impacto do crédito mais fácil passou, o da compra do primeiro carro zero-quilômetro também. Portanto é normal essa acomodação. Nossa expectativa é que nos próximos cinco anos é de expansão de 4% a 5%”, avalia. 
 
Segundo Ardila, para a GM Brasil a desaceleração do mercado faz pouca diferença. A projeção da empresa para este ano e o próximo é continuar com volumes de produção e vendas parecidos com os de 2012, em torno de 650 mil unidades vendidas no mercado interno e 70 mil exportadas. Graças aos vários e recentes lançamentos, a participação da marca Chevrolet nas vendas de veículos leves no Brasil deve fechar 2013 um pouco maior, perto de 18%, contra 17,7% há um ano.
 
Por Pedro Kutney/ Automotive Business