Dólar cai a R$ 2,15

Dólar cai a R$ 2,15

O dólar voltou a recuar, ontem (17), encerrando o dia a R$ 2,159 para a venda. A queda de 0,7% ampliou o temor dos investidores de que o Banco Central (BC) abandone o plano de injetar US$ 100 bilhões no mercado, até o fim do ano, para conter variações bruscas da divisa. A preocupação ganhou força ainda na quarta-feira, após a autoridade monetária atrasar por mais de cinco horas o anúncio do leilão de moeda que faria no dia seguinte, e se intensificou ontem (17), quando o corpo técnico do BC admitiu passar a divulgação para depois das 19h30. O anúncio sempre vinha sendo feito às 14h30.
 
A mudança dará à autoridade monetária mais cinco horas para traçar a estratégia a ser executada no dia seguinte — sem que ela deixe de cumprir o compromisso de fazer leilões diários de moeda, como foi prometido em 22 de agosto, quando o pacote foi lançado. A manutenção das vendas foi decidida pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, mesmo sob protesto do ministro da Fazenda, Guido Mantega.
 
O ministro entende que os leilões estão reduzindo muito a cotação do dólar, o que prejudica a competitividade das exportações brasileiras, ao encarecer os produtos nacionais em comparação aos fabricados em outros países. Em contrapartida, a desvalorização da moeda norte-americana torna os importados mais baratos, contribuindo para controlar a inflação no país — uma ajuda e tanto no momento em que o BC tenta mostrar que não desistiu de levar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para a meta de 4,5%.
 
Nos últimos três anos, porém, a carestia ficou acima do objetivo, o que deverá continuar acontecendo pelo menos até o terceiro trimestre de 2015, conforme indicou ontem a ata do Copom. Por isso, diz o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawal, o BC deve perseguir o caminho do meio, ou seja: evitar que o dólar fique muito acima ou muito abaixo de R$ 2,20. “O BC está seguindo o plano A, que é manter os leilões de moeda. Agora, é possível que ele decida alterar o programa em função das mudanças de conjuntura”, disse.
 
Tombini não esconde que um dólar mais baixo ajudaria o BC a entregar em 2013 uma inflação menor do que os 5,84% do ano passado. No relatório trimestral de inflação, em setembro, a autoridade monetária projetou que o IPCA fecharia o ano em 5,82%. Ontem (17), voltou à carga, ao apontar que “a projeção para a inflação diminuiu em relação ao valor considerado na última reunião, porém, permanece acima da meta de 4,5%”. 
 
A tarefa do BC se tornará mais difícil porque 2014 é ano eleitoral, período em que normalmente a economia fica mais aquecida por causa dos bilhões de reais gastos pelos partidos nas campanhas. Soma-se a isso a disposição dos governos de acelerar o passo em obras e grandes projetos de mobilidade, o que vai injetar dinheiro na economia e, por tabela, estimular a inflação. (DB)

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