Jaguar busca local para fábrica

A expectativa é que a unidade inclua apenas a produção da marca Land Rover, e não os luxuosos carros da Jaguar

 

A Jaguar Land Rover já começou a procurar um local para a fábrica que planeja instalar no Brasil. Neste momento, a marca britânica avalia oito cidades de quatro Estados. De acordo com o presidente da montadora no país, Flavio Padovan, as negociações ainda se dão na esfera dos governos estaduais e a empresa ainda não procurou as prefeituras diretamente, assim como ainda não fez visitas a terrenos.
 
Após idas e vindas, o projeto ganhou velocidade com a publicação, no início de outubro, do novo regime automotivo - definido em Brasília para dar vantagens às empresas que produzem localmente. Na sequência, uma equipe de profissionais do Brasil e da Inglaterra foi escalada para levar adiante o plano da Land Rover de fabricar veículos naquele que é seu oitavo maior mercado no mundo.
 
Padovan, que vem discutindo isso periodicamente com os diretores da matriz no Reino Unido, diz que o assunto está sendo tratado como "prioridade máxima" pela montadora controlada desde 2008 pelo grupo indiano Tata. "Fico até ansioso porque quero resolver isso logo", admite o executivo, que diz esperar uma definição ainda neste mês.
 
Há mais de um ano, a Land Rover avalia o investimento no Brasil, mas o projeto esfriou diante de incertezas sobre os rumos da política automotiva. Com a confirmação dos benefícios do novo regime automotivo para as montadoras que decidirem vir ao país, o plano voltou a estar no foco dos ingleses. No mês passado, Ralph Speth, presidente mundial da empresa, esteve em Brasília e discutiu o assunto em reunião com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.
 
Padovan diz que mantém contato frequente com o governo para alinhar a fábrica ao novo regime automotivo. Segundo o executivo, a empresa já avançou bastante na avaliação do projeto, mas alguns pontos ainda estão pendentes. Por enquanto, ainda está sendo avaliada a viabilidade econômica de uma nova fábrica no país.
 
O grande desafio, afirma Padovan, será encontrar um modelo de baixa escala de produção que, mesmo diante das exigências colocadas pelo governo, permita o retorno do investimento. "Não podemos dar um passo errado."
 
O novo regime automotivo concede níveis de nacionalização - uso de autopeças locais - mais confortáveis a montadoras de luxo, que desenvolvem produtos mais sofisticados e dependem altamente da importação de tecnologia. Contudo, cobra delas investimentos mínimos nos projetos de produção nacional, além do cumprimento das metas de eficiência energética e desenvolvimento tecnológico.
 
Por outro lado, a companhia teria melhores condições de competir no mercado brasileiro, o quarto maior do mundo. Durante a fase de construção da fábrica, a Land Rover poderá importar até 25% de sua futura capacidade de produção sem recolher os 30 pontos percentuais extras do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) - aplicados a carros importados. Hoje, habilitada ao novo regime como importadora, a marca tem as importações sem o adicional do tributo limitadas a 4,8 mil carros por ano.
 
Padovan conta que a empresa ainda não definiu o tamanho e o investimento a ser realizado na fábrica brasileira. Também não confirma os modelos que poderão ser fabricados nela.
 
A expectativa é que a unidade inclua apenas a produção da marca Land Rover, e não os luxuosos carros da Jaguar. No mercado brasileiro, o utilitário esportivo Range Rover Evoque é o modelo mais popular da montadora, sendo responsável por mais da metade dos 8,2 mil carros vendidos pela Land Rover no Brasil durante o ano passado.
 
Em todo o mundo, o grupo vendeu 357,7 mil carros em 2012, marcando um crescimento de 30%. A China - cujas vendas somaram 72 mil unidades - é o principal mercado.
 
Por Eduardo Laguna/ Valor Econômico