Jaguar Land Rover negocia fábrica no Brasil

O CEO da montadora, Ralph Speth, se reuniu com o ministro do Desenvolvimento na segunda-feira (18)

A manhã da segunda-feira (18) do ministro do Desenvolvimento,Fernando Pimentel, foi quase que inteira dedicada a encontros com representantes do setor automotivo. Às 10h o ministro recebeu em seu gabinete no MDIC em Brasília o CEO da Jaguar Land Rover, Ralph Speth, que veio junto com Flavio Padovan, presidente da empresa para América Latina e Caribe. Na sequência, às 11h, foi a vez de receber Paulo Butori, presidente do Sindipeças, a associação dos fabricantes de autopeças. 

Nenhum representante da Jaguar Land Rover comentou a respeito da reunião com o ministro. A assessoria do MDIC afirmou que não podia informar exatamente o que foi discutido, mas confirmou que o CEO Ralph Speth veio apresentar investimentos previstos pela empresa no País. Há mais de um ano a fabricante de automóveis de luxo estuda a possibilidade de instalar uma fábrica no Brasil. Segundo já informou Flavio Padovan, o projeto estava em andamento em 2011, mas quando o governo adotou a sobretaxação de IPI sobre veículos importados ou com baixo conteúdo nacional, os planos foram colocados na gaveta. 
 
Em outubro, durante o Salão do Automóvel de São Paulo, Speth disse que a confirmação sobre a possível fábrica no País teria de esperar pela análise do então recém-anunciado regime automotivo, o Inovar-Auto, que traz uma série de exigências de investimentos em fabricação local, pesquisa e desenvolvimento para beneficiar com descontos fiscais os novos investidores, como poderá ser a Jaguar Land Rover. Com a visita ao ministro Pimentel na segunda-feira, as negociações parecem avançar. 
 
Sindipeças
O presidente do Sindipeças, segundo a assessoria do MDIC, veio falar sobre diversos temas ligados ao setor. Desde o início do ano passado, meses antes mesmo da publicação do decreto que regulamentou o Inovar-Auto, a associação dos fabricantes de autopeças vem negociando medidas para fortalecer o segmento, que há anos vem perdendo competitividade, com faturamento em queda, balança comercial negativa e investimentos abaixo do necessário para acompanhar o crescimento da produção de veículos no País. 
 
Fontes do setor de autopeças afirmam que está em gestação no governo o Inovar-Peças, com medidas semelhantes às já adotadas para as montadoras, para incentivar a produção local e maiores investimentos no setor. 
 
Paulo Butori defende a regulamentação de um sistema de rastreabilidade das autopeças usadas na produção nacional de veículos. Da maneira como está, as montadoras podem comprar dos sistemistas conjuntos com grande quantidade de componentes importados e, ainda assim, abater o valor da exigência mínima de compras locais prevista no Inovar-Auto, para obter descontos de IPI. 
 
O Sindipeças procura mostrar ao governo que os novos veículos lançados no Brasil são projetados sobre plataformas externas, com grande volume de sistemas com alto conteúdo de peças importadas. A entidade pede a revisão da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), para acompanhar com maior exatidão tudo que é importado e exportado no setor, pois a lista atual não contempla todos os tipos de componentes e existiria uma série de importações camufladas como “outros”. Os fornecedores também querem reforço nas regras de conteúdo local, redução de encargos sociais, mais acesso a financiamentos de longo prazo e corte ou eliminação de impostos sobre investimentos. Na conversa de Butori com Pimentel, todas essas questões devem ter entrado nos "diversos assuntos relacionados ao setor".
 
Pedro Kutney/ Automotive Business