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Caio Uribbe Castro    |   02/05/2016   |   Gestão de custos industriais   |  

Balanceando a produção

A importância de saber o que, como e quando produzir, e o impacto nos processos de gestão

Como vimos na coluna anterior, a máxima eficiência de uma empresa virá através de ciclos de priorização e identificação de melhorias nos processos da empresa. A cultura da melhoria contínua é um diferencial de grande importância para aqueles negócios que buscam profissionalizar seus processos de gestão. Trata-se uma atividade que sempre gera resultados positivos. Porém, é possível que gere alguns resultados negativos, que abordaremos nesta coluna.

Quando se olha e se otimiza um processo em um determinado setor, cria-se uma situação de desbalanceamento na produção. Isto é: um setor trabalha de forma mais eficiente, porém os outros setores não acompanham este novo ritmo de produção, e, no final da linha, não se observam os resultados projetados quando se implantou da melhoria.

Convém esclarecer que o desbalanceamento de uma linha produtiva não é exclusividade de empresas que adotaram sistemas de melhoria contínua de seus processos. Como veremos a seguir, devido à falta de um planejamento de sua produção, muitas empresas não conseguem ter uma linha de produção balanceada.

E isto é um grande problema, pois o desbalanceamento da produção gera um dos mais graves tipos de desperdício nos sistemas produtivos: a espera. Como vimos anteriormente, o desperdício por espera pode ser definido como a ociosidade da mão de obra ou dos equipamentos em razão da falta de algum dos recursos necessários para dar prosseguimento à produção. Trata-se de um tipo grave de desperdício pois é muito difícil de quantificar.

Felizmente para sanar este problema o procedimento é semelhante às atividades para instaurar os ciclos de melhoria que já discutimos anteriormente. A diferença é que, neste caso, ao invés de focar em um único processo, é preciso entender e otimizar a sequência de operações ao longo da linha de produção como um todo.


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Existem diversas técnicas disponíveis na literatura técnica para fazer este balanceamento, porém conceitualmente, o segredo para se realizar esta atividade de forma eficiente recai em três pontos principais:

  • Planejar a produção: para se otimizar a produção, é preciso saber o quanto se espera que seja produzido, uma vez que, sem esta informação, não é possível realizar o balanceamento. Além de permitir realizar o balanceamento da produção, levantar esta informação gera na empresa uma cultura de planejamento comercial e de compras, pois a partir do momento que a empresa sabe o quanto é necessário produzir, saberá também o quanto é preciso vender, e quanto deverá comprar junto aos seus fornecedores;
  • Eliminar os gargalos de produção: É preciso também saber quais as atividades que mais consomem tempo ao longo do processo produtivo, e quais os caminhos críticos para se obter o produto final. Levantando estas informações, é possível rearranjar a linha de produção, de modo a equilibrar estas atividades, gerando-se uma linha de produção que não apresenta “estoques” entre setores;
  • Controlar o processo: Quando se sabe o que será produzido, e como será produzido, é possível então, através de simples indicadores de controle, garantir que as atividades de produção estarão sempre dentro de determinados parâmetros, e assim identificar rapidamente o surgimento de problemas.

A partir destas informações é possível garantir o equilíbrio entre as diferentes atividades produtivas, o que, por sua vez, gera resultados não só no que diz respeito na produtividade da empresa, mas também no que diz respeito à redução da fadiga dos operadores, das máquinas, além da eliminação de estoques intermediários e o aumento do ritmo de trabalho como um todo.

Como podemos perceber, a partir de pequenas mudanças, é possível criar em seu negócio uma cultura de questionamentos que irá resultar no aprimoramento ainda maior dos processos de gestão, na constante busca pela redução dos desperdícios e dos custos, focando na máxima eficiência do negócio.

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Caio Uribbe Castro

Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuou com Gestão de Processos no setor aeronáutico e, atualmente, trabalha focado em Processos de Melhoria de Gestão na empresa Valor & Foco.


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