Montadora de moto prevê reação

Setor de duas rodas prevê um crescimento moderado para o próximo ano

Para os fabricantes de motocicletas, o pior já passou. Pelo menos essa é a indicação dada ontem (06) pela Abraciclo - a entidade que abriga os fabricantes do setor de duas rodas instalados em Manaus - ao anunciar as projeções para o ano que vem. A expectativa, contudo, é de uma recuperação apenas moderada do mercado.

Depois de ver as vendas despencarem em meio a um ambiente de crédito mais restritivo, a entidade prevê para o próximo ano um crescimento de 2,4% das vendas no atacado - das montadoras para as revendas - e de 3,7% na produção. Mesmo que os números sejam confirmados, os volumes do setor ainda ficarão abaixo de 2010, quando o mercado ainda se recuperava dos impactos da crise financeira de dois anos antes.
 
"Nós entendemos que já batemos no fundo do poço", disse, em entrevista coletiva à imprensa, Marcos Fermanian, o presidente da Abraciclo. Para ele, a estabilização dos índices de inadimplência, somada à queda nos juros, abre a perspectiva de maior oferta de crédito na economia em 2013. As projeções da entidade também partem da premissa de um crescimento de 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem.
 
Fermanian disse que, apesar da atuação mais ativa de bancos públicos nos financiamentos de motos, as instituições financeiras privadas seguem cautelosas nas liberações de empréstimos. A média, dizem diretores da Abraciclo, é de dois ou três aprovações a cada dez solicitações de crédito. Como resultado, a participação dos financiamentos nas vendas de motocicletas caiu de 52%, em 2011, para 41% neste ano.
 
Conforme o levantamento divulgado ontem (06) pela entidade, a produção de motos no país fechou novembro em 137,7 mil unidades, o que representa uma queda de 29,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Na mesma base de comparação, as vendas das montadoras recuaram 29,4%, somando 125,5 mil motos.
 
Com isso, a produção no acumulado dos onze primeiros meses do ano recuou 20,2%, somando 1,62 milhão de unidades. Já as vendas no atacado cederam 21,2% no período, totalizando 1,52 milhão de motos.
 
Segundo a Abraciclo, o setor caminha para fechar o ano com queda de 20%, tanto na produção como nas vendas. "De fato, 2012 foi um ano amargo pelo fato de termos nos preparado para um salto e tivemos de voltar atrás", lamentou Fermanian.
 
Com a queda nas vendas, levando a ajustes de produção nas fábricas, os fabricantes de motos na Zona Franca de Manaus - como Honda e Yamaha - já eliminaram quase 2 mil vagas de trabalho neste ano e não há perspectiva de reposição dos postos. "O quadro que fechará o ano já será suficiente para o que esperamos em 2013", disse o presidente da Abraciclo.
 
Menos afetadas pela seletividade dos bancos, as vendas de motos premium, acima de 500 cilindradas, vão na contramão do mercado e sobem 8% neste ano. As exportações de motos brasileiras também mostram reação, com crescimento de 48% no acumulado de janeiro a novembro, para 95,5 mil unidades.
 
Por Eduardo Laguna/ Valor Econômico 
 
 

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