Importação é recorde e balança tem maior déficit em 15 anos

Importações batem recorde histórico com média diária de US$ 1,28 bilhão.

As importações bateram recorde histórico na semana passada, quando somaram US$ 1,28 bilhão pela média diária e, com isso, a balança comercial registrou um déficit (exportações menos importações) de US$ 952 milhões no periodo - o pior resultado semanal em 15 anos. Os números foram divulgados ontem (19) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

A série histórica da balança comercial, disponibilizada na página do MDIC, tem início em 1995. Entretanto, dados semanais estão disponíveis somente de 1998 em diante. De acordo com os números oficiais, o déficit comercial de US$ 952 milhões é o maior desde 1998 - justamente quando tem início a série histórica do MDIC. O maior resultado semanal negativo anterior havia sido registrado na quarta semana de agosto de 2008 (de US$ 840 milhões).
 
Importações e exportações
No caso das importações, o valor total registrado na semana passada foi de US$ 5,13 bilhões em quatro dias úteis. O valor, pela média diária, soma o US$ 1,28 bilhão, que também é o maior resultado da série histórica semanal pelo tipo de comparação.
Até o momento, a maior média diária semanal de importações havia ocorrido na quarta semana de abril de 2008, no valor de US$ 1,25 bilhão. A média diária é um conceito considerado mais apropriado por especialistas para fazer esta comparação.
 
Sobre as exportações, o governo federal informou que elas somaram US$ 4,18 bilhões na última semana, o que dá uma média, por dia útil, de US$ 1,04 bilhão - valor que está longe do recorde histórico de US$ 1,31 bilhão registrado na segunda semana de novembro de 2011.
 
Acumulado do mês e do ano
Com o forte déficit comercial registrado na semana passada, o saldo comercial no acumulado deste mês, até o dia 18, "virou" e passou a ficar negativo em US$ 61 milhões. No acumulado de novembro, as exportações somaram US$ 11,47 bilhões e as importações totalizaram US$ 11,53 bilhões.
 
Já na parcial deste ano, também até 18 de novembro, as exportações superaram as importações, resultando em superávit comercial, no valor de US$ 17,31 bilhões, o que representa uma queda de 35,2% frente ao mesmo período do ano passado – quando o saldo comercial positivo somou US$ 26,73 bilhões.
 
A queda do saldo comercial brasileiro acontece em meio à nova etapa da crise financeira internacional. Com crescimento menor da economia mundial, as exportações para outros países também diminuem. A crise financeira também gera acirramento da competição internacional por mercados compradores, como o Brasil, e também dificulta as vendas externas brasileiras em outras nações.
 
No acumulado deste ano, até 18 de novembro, as exportações somaram US$ 213,83 bilhões, com média diária de US$ 967 milhões, enquanto as compras do exterior totalizaram US$ 196,52 bilhões (média de US$ 889 milhões por dia útil). Contra o mesmo período de 2011, as vendas externas tiveram queda de 5,3%, e as importações recuaram 1,2%, de acordo com dados do governo federal.
 
Resultado de 2011 fechado
Em todo o ano de 2011, o superávit da balança comercial brasileira somou US$ 29,79 bilhões. Com isso, o superávit da balança comercial registrou crescimento de 47,8% em relação ao ano de 2010, quando o saldo positivo totalizou US$ 20,15 bilhões. Trata-se, também, do maior superávit da balança comercial desde 2007 (US$ 40,03 bilhões). Em 2008 e 2009, respectivamente, o saldo comercial somou US$ 24,95 bilhões e US$ 25,27 bilhões.
 
Perspectivas para 2012
Para 2012, ano que está sendo marcado pelos efeitos da crise financeira internacional, com a previsão de crescimento do PIB de 1,52%, e pela concorrência acirrada pelos mercados que ainda registram crescimento econômico – como é o caso do Brasil –, os economistas dos bancos acreditam que o valor do superávit da balança comercial (exportações menos importações) registrará queda, atingindo cerca de US$ 19,2 bilhões.
 
O Banco Central, por sua vez, projeta um superávit da balança comercial de US$ 18 bilhões para este ano. Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê um saldo comercial positivo de US$ 18,3 bilhões neste ano.
 
Alexandro Martello/ G1