BNDES prevê crescimento de 30% em financiamentos para energia eólica

Só em 2012, banco já liberou R$ 1,1 bilhão; em 2011, foram R$ 2,2 bilhões

 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou, até quinta-feira, R$ 1,1 bilhão em financiamentos para projetos de energia eólica neste ano e prevê crescimento de 30% frente os R$ 2,2 bilhões do ano passado. Na esteira do sucesso da energia eólica, cuja capacidade instalada saltou três vezes de 2009 até agora, o chefe do Departamento de Fontes Alternativas de Energia do BNDES, Antonio Tovar, espera analisar ainda este ano o primeiro projeto de energia solar no banco de fomento.
 
Segundo o executivo, o mais provável é que o projeto seja de uma fábrica de placas solares, com a demanda impulsionada pelo modelo de geração distribuída. O grupo Tecnometal, que também atua em eólica e tem uma fábrica de painéis em Campinas, já foi credenciado na Finame, linha de crédito automática do BNDES para máquinas e equipamentos.
 
Na geração distribuída, consumidores de energia, como supermercados, shopping centers e até residências, instalam painéis solares em suas coberturas e, além de gerar eletricidade para consumo próprio, fornecem para o sistema de distribuição, abatendo do que pagam pela luz.
 
Em abril, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o Sistema de Compensação de Energia, com regras para a geração distribuída. Com isso, segundo Tovar, o desenvolvimento da energia solar torna-se viável. A tendência é algumas empresas - inclusive distribuidoras - especializarem-se na instalação de unidades geradoras para consumidores interessados.
 
Até 2009, o parque eólico brasileiro desenvolveu-se com subsídios do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Naquele ano, o BNDES liberou apenas R$ 230 milhões em financiamentos. Dali em diante, a energia eólica tornou-se competitiva, com leilões regulares, atraindo uma cadeia de fornecedores. A capacidade instalada saltou de cerca de 500 megawatts (MW), em 2009, para em torno de 1.600 MW hoje. Se a previsão se concretizar, o BNDES liberará R$ 2,86 bilhões para o setor neste ano.
 
A energia contratada garantirá capacidade instalada de 8.100 MW até 2016, caso todos os projetos sejam concretizados. No fim deste ano, a capacidade deveria chegar a 3.000 MW, mas pode haver atrasos por falta de sistemas de tranSmissão. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), 600 MW dos 1.805 MW contratados no leilão de 2009 e previstos para este ano estão ameaçados pelo problema.
 
Com o crescimento do energia eólica, o País tem atualmente oito empresas com plantas de aerogeradores e componentes, em diferentes estágios, com capacidade de produzir equipamentos para instalar capacidade de 4.100 MW ao ano.
 
O BNDES apoia a instalação de fábricas, mas, segundo Tovar, a maior parte dos financiamentos vai para os geradores. O banco também investe via BNDESPar, tanto diretamente quanto por meio de fundos de investimentos. Atualmente, a BNDESPar detém fatias da Renova Energia e da Tecsis, fabricante de pás.
 
Por Vinícius Neder/O Estado de S. Paulo

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