Produção industrial de São Paulo é a responsável por média nacional baixa

Recuo de 1,5% da produção do parque industrial de São Paulo na passagem de abril para maio

O recuo de 1,5% da produção do parque industrial de São Paulo na passagem de abril para maio, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acende um sinal de alerta sobre a profundidade da crise que o setor atravessa. Na comparação com maio do ano passado, as perdas alcançaram 6,9%, essa é a nona taxa negativa consecutiva do setor.

"Esse resultado é a pior coisa possível. Esse número é que é desanimador. No caso de São Paulo, o recuo é geral e muito revelador de que a crise industrial afeta de A a Z em termos de atividades do setor", declarou Julio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
 
São Paulo representa 40% da indústria do País. Por ter um parque diversificado, costuma apontar tendências na produção, além de neutralizar movimentos pontuais em determinadas atividades.
 
Em relação a maio de 2011, 14 entre as 20 atividades da indústria paulista registraram queda na produção. A fabricação de veículos automotores, atividade mais importante no estado, caiu 21%, enquanto a de alimentos, que tem o segundo maior peso, teve redução de 10,4%. Juntos, os dois setores respondem por 25% da indústria paulista.
 
"Por isso que quando esses setores caem, costumam puxar a indústria para baixo", notou Rodrigo Lobo, economista do IBGE.
 
Ele disse que a redução na fabricação de automóveis foi o que puxou a queda na principal atividade da indústria paulista, mas houve retração também nas linhas de montagem de caminhões e caminhões-tratores. "Além de (o setor) não ter capturado ainda a redução do IPI, a demanda já está um pouco saturada", avaliou o economista do IBGE.
 
A produção industrial recuou em seis dos 14 locais pesquisados pelo IBGE na passagem de abril para maio. A queda não foi generalizada, mas, mesmo nos estados que expandiram, os avanços foram menos intensos e aconteceram depois de recuos expressivos nos meses anteriores. Como resultado, a produção nacional caiu 0,9%. "Mas o que acabou puxando o Brasil para baixo foi São Paulo, porque caiu mais do que a média nacional e é o parque mais importante do País", explicou Lobo.
 
Na comparação com maio de 2011, nove dos 14 locais pesquisados apresentaram recuo na produção, com destaque para as perdas também no Rio de Janeiro (- 5,1%), em Minas Gerais (-2,1%), no Amazonas (-14,7%) e no Espírito Santo (-14,4%).
 

Tópicos: