Siderurgia tem queda de R$ 12 bi em investimentos

Siderurgia é o setor mais prejudicado com a queda de investimentos no País

Os investimentos do setor siderúrgico foram os mais prejudicados pela crise. Com uma capacidade produtiva excedente de 526 milhões de toneladas de aço espalhada pelo mundo, as siderúrgicas estão com as margens de lucro pressionadas e não têm incentivo para investir. Levantamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aponta que as siderúrgicas instaladas no Brasil planejam investir R$ 21 bilhões entre 2012 e 2015, R$ 12 bilhões a menos que o calculado pelo banco no ano passado para o período 2011-2014 e inferior até aos R$ 28 bilhões investidos no ciclo 2006-2009.

Segundo Fernando Puga, chefe do departamento de análise econômica do BNDES, o banco está reavaliando os dados e a estimativa de investimentos das siderúrgicas pode ser reduzida em breve. Ele explica que a maior dificuldade é que os projetos são voltados para o mercado externo, porque a produção local supera a demanda doméstica.
 
Um exemplo dos problemas do setor é a venda da participação da alemã Thyssen na CSA. Segundo fontes do mercado, o ativo é bom e está barato, mas vai ser difícil encontrar comprador. A Arcelor Mittal anunciou o adiamento de um investimento de US$ 1,2 bilhão na Usina de João Monlevade, em Minas Gerais, por falta de demanda no mercado externo.
 
"Hoje temos excedente de aço significativo até na China", diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil. Os custos de produção no Brasil também atrapalham. É necessário investir US$ 1,8 mil para cada nova tonelada de aço feita no País, ante US$ 1 mil na Índia e US$ 550 na China.
 
Pessimismo
No setor eletroeletrônico, o clima é de pessimismo. Sondagem feita pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) apontou que 55% das empresas acreditam que suas vendas no segundo semestre vão ser inferiores ou iguais às realizadas na primeira metade do ano.
 
O BNDES prevê uma queda de R$ 4 bilhões nos investimentos do setor eletroeletrônico, para R$ 25 bilhões entre 2012 e 2015.
 
Segundo Humberto Barbato, presidente da Abinee, os fabricantes de celulares amargam capacidade ociosa e não têm estímulo para investir, porque as exportações estão praticamente paralisadas, por causa das barreiras protecionistas na Argentina, na Venezuela e no Equador.
 
Entre os fabricantes de equipamentos, a perspectiva é um pouco mais otimista por causa da nova lei editada pelo governo Dilma, que dá preferência para as empresas nacionais nas licitações públicas, principalmente nas compras da Telebrás.
 
Por Raquel Landim e Renée Pereira/O Estado de S. Paulo

 


Tópicos: