Indústria começa a dar sinais de recuperação, informa CNI

Faturamento do setor cresceu 0,9% e horas trabalhadas na produção aumentaram 0,4% em março

Depois de um início de ano fraco, a indústria brasileira começa a dar sinais de recuperação. As horas trabalhadas na produção cresceram 0,4%, o emprego aumentou 0,3% e o faturamento do setor subiu 0,9% em março frente a fevereiro na série com ajuste sazonal, informa a pesquisa Indicadores Industriais, divulgada nesta quarta-feira, 9 de maio, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

“Apesar de um início de ano com dificuldades, ao analisarmos os dados de março, há uma expectativa de retomada gradual, mas moderada, da atividade do setor ao longo do ano”, destacou o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
 
O único indicador que teve queda em março ante fevereiro foi o de utilização da capacidade instalada. Com uma redução de 0,5 ponto percentual no período, a indústria operou, em média, com 81,5% da capacidade instalada em março. Em fevereiro, esse percentual era de 82%. “Esses dados refletem uma ociosidade na produção, que pode ser resultado da maturação de investimentos e também pelo nível de estoques ainda estar acima do planejado”, avaliou Castelo Branco.
 
Os salários dos trabalhadores da indústria aumentaram 6,3% em março na comparação com fevereiro, segundo dado sem ajuste sazonal. Foi a maior elevação do indicador para meses de março desde 2006. Segundo Castelo Branco, isso se deve, sobretudo, à alta no rendimento médio dos trabalhadores, que foi a maior para meses de março: 5,7% frente a fevereiro, sem ajuste sazonal. Conforme a pesquisa da CNI, o rendimento do trabalhador inclui salário, abonos, participação nos lucros, horas extras e outros ganhos, com exceção de indenizações e encargos trabalhistas.
 
“Além disso, a inflação vem se desacelerando, o que aumenta o poder de compra das pessoas. Isso deve se manter a demanda interna forte, mas que não necessariamente será canalizada para os produtos nacionais”, assinalou o economista.
 
Primeiro trimestre
Com exceção do faturamento, que teve queda de 1,1% no primeiro trimestre deste ano ante os últimos três meses de 2011, descontados os fatores sazonais, os demais indicadores de atividade industrial tiveram alta no período. As horas trabalhadas cresceram 1,1%, o emprego teve elevação de 0,6% e a utilização da capacidade instalada aumentou 0,5 ponto percentual nos primeiros três meses do ano na comparação com o último trimestre de 2011, segundo dados dessazonalizados.
 
Castelo Branco prevê que a indústria terá um maior desempenho a partir do segundo semestre. “Os próximos meses devem ser de recuperação gradual da atividade da indústria. No segundo semestre do ano, a atividade deve se intensificar, de forma moderada, pois é quando começarão a surtir efeito as medidas do Plano Brasil Maior e dos juros e câmbio mais favoráveis”, destacou. “Mas as dificuldades dos países desenvolvidos, que são os principais mercados para os produtos brasileiros, ainda se refletirão na fraca atividade da indústria no país.”

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