Pequenas indústrias buscam unir forças

Para enfrentar as dificuldades impostas pela concorrência cada vez mais feroz dos produtos importados, uma das saídas dos pequenos fabricantes é tentar fortalecer seus negócios pela associação com outras empresas do mesmo segmento e pela articulação com instituições públicas e privadas.
 
A solução não é nova – diversos segmentos da região, como plástico, gráfico e metalmecânico, já desenvolvem experiências semelhantes, há alguns anos -, mas, nesse cenário de desindustrialização, há mais motivos para fortalecer o associativismo, segundo empresários e sindicalistas.
 
Um exemplo é o polo de ferramentaria, que reúne empresas dessa área (que fazem ferramentas e moldes utilizados por outras indústrias) e que recentemente passou a contar com o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e das prefeituras de Diadema e de São Bernardo, para se reaproximar das montadoras e levar suas reivindicações ao governo federal, para mostrar a importância da atividade.
 
O segmento tem sido duramente atingido pela competição com os asiáticos, por causa do câmbio favorável à entrada de produtos do Exterior, explica o empresário Carlos Manoel de Carvalho, que tem fábrica em Diadema e que integra o polo – que reúne cerca de 100 indústrias do Grande ABC. “A ferramentaria é estratégica e muitas companhias tendem a manter essas operações na matriz (em outros países). Perdemos 33% do setor no Brasil nos últimos 15 anos”, diz. Carvalho, que também é vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), estima que, ao todo, há na região cerca de 550 ferramentarias, que empregam cerca de 13 mil pessoas.
 
Para fortalecer a competitividade dessa indústria, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, defende a inclusão dessa atividade nacional no programa de regime automotivo, do governo federal, como mais uma condição para que não haja aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) às montadoras. “Estamos discutindo o programa com o governo para acrescentar engenharia e ferramentaria. Esses são os trabalhos criativos da indústria e os mais bem remunerados”, afirma Nobre, que acrescenta: “Aglutinar as pequenas empresas é tarefa para a região, para gerar desenvolvimento à cadeia produtiva.”
 
Metalmecânico
Outro grupo, de cerca de 40 empresas do setor metalmecânico da região, participou de projeto do Sebrae-SP para fomento ao associativismo – chamado de APL (Arranjo Produtivo Local) – concluído há dois anos e acaba de constituir formalmente uma associação. “Há cerca de um mês passamos a ter CNPJ”, diz Norberto Perrela, empresário de Mauá que integra a entidade.
 
Ele afirma que se associar, para criar sinergias entre empresas – uma das intenções é reativar a ideia de fazer compras coletivas para o grupo e também buscar fontes de financiamento -, é uma ferramenta importante para se manter no mercado. “Temos conversado muito que, na situação atual, se formos esperar soluções do governo, as empresas não vão suportar muito tempo”, completa.
 
Sebrae-SP tem programa para elevar competitividade
Umas das principais entidades apoiadoras de iniciativas de associativismo entre pequenas empresas, o Sebrae-SP está desenvolvendo, na região, projetos chamados PMC (Programas de Melhoria de Competitividade), em diversas áreas.
 
O gestor de projetos do escritório do Sebrae no Grande ABC, Marcelo Alciati, cita que, há dois anos, a entidade teve de reformular sua forma de atuação e foi necessário descontinuar convênios que havia na época com grupos de empresas (do setor plástico e metalmecânico). “Mas as ações não pararam”, ressalta. Ele destaca que, na área do plástico, uma das grandes dificuldades dos empresários foi manter o grupo unido e participação nas atividades conjuntas. Apesar disso, já há um PMC em andamento para esse segmento, que tem se reunido para debater temas relacionadas à atividade.
 
Outro programa desse tipo em desenvolvimento, segundo ele, é com a indústria moveleira. A entidade apoia o grupo APL (Arranjo Produtivo Local) Movelaria Paulista, que reúne 51 empresas da Grande São Paulo (16 da região). Uma das ações nessa área vai se chamar Jornada do Design, que vai ocorrer no dia 29, para discutir as tendências em móveis. “O setor na região é deficitário em design e pedimos ao Sebrae capacitação para os profissionais de marcenaria”, afirma o empresário Carlos Alberto Gomez, que é gestor do projeto.

Inovação
Essa ação da Agência de Desenvolvimento reúne atualmente 275 empresas dos setores plástico e metalmecânico e tem como objetivo dar consultoria tecnológica para as pequenas empresas para a melhoria de produtos e também de processos e layouts das fábricas. Com orçamento de R$ 7 milhões, a maior parte (R$ 5 milhões) do Sebrae Nacional, tem como meta chegar ao atendimento a 560 companhias no prazo de dois anos.


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