Importadores de máquinas têm crescimento abaixo do previsto

Os importadores de máquinas-ferramenta e equipamentos industriais movimentaram cerca de US$ 2,4 bilhões em 2011, cerca de 10% mais que o ano anterior. O resultado é inferior a previsão da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas-Ferramenta e Equipamentos Industriais, que projetava um crescimento de 15% a 20% para o setor, e ainda está aquém dos US$ 2,6 bilhões negociados nos três primeiros trimestres de 2008.  "O ano começou bem, mas sentimos uma diminuição nos negócios a partir de outubro", afirma Ennio Crispino, presidente da entidade. Segundo ele, os industriais estão apreensivos com o impacto da crise na Europa sobre a economia brasileira. "Houve uma desaceleração na atividade, porque ninguém sabe como o mercado vai se comportar", explica.

Responsável pelo consumo de pelo menos 70% dos bens de capital (máquinas e equipamentos) importados, o setor automobilístico mantém as vendas "em ritmo aceitável", segundo Crispino, mas a produção de autopeças, parte importante da cadeia de clientes dos importadores de máquinas operatrizes, ainda sofre com a importação de componentes acabados, apesar das medidas de proteção previstas no Plano Brasil Maior. "O aumento do IPI para carros importados e a exigência de 65% de nacionalização das peças em carros nacionais abrem uma boa perspectiva para o setor de bens de capital, tanto nacionais quanto importados, mas qualquer reflexo só será sentido em meados de 2012", diz o presidente da ABIMEI.

Entre os segmentos representados na ABIMEI, o setor de máquinas para o corte e a conformação de chapas metálicas foi o que teve o melhor desempenho em 2011, com alta superior a 10%. São máquinas com alto agregado tecnológico e aplicação em variados ramos da indústria, desde o automotivo até o de petróleo & gás e geração de energia, por exemplo. "Havia uma demanda reprimida por este tipo de máquina", justifica Crispino. O setor de máquinas para transformação de plástico manteve os níveis de 2010, considerados muito bons pelos importadores, porém não mais surpreendentes, como em 2009. "O "boom" já passou; agora o setor está na normalidade", afirma o presidente da Abimei.  Já o segmento de usinagem não tem muito que comemorar: "Havia capacidade ociosa para estas máquinas, os empresários não precisavam comprar tanto quanto em anos anteriores".

Agente regulador
"A importação de bens capital é uma atividade reguladora do mercado, fundamental para equilibrar a oferta de máquinas operatrizes e equipamentos industriais no país. Com a opção dos importados, o empresário brasileiro consegue comparar custo x benefício, prazo de entrega e tecnologia ao comprar uma máquina para ampliar ou modernizar o seu parque industrial", diz Ennio Crispino.

De acordo com o presidente da associação, apesar da desvalorização do dólar, motivada pela conjuntura econômica internacional, a qual tende a afetar a competitividade do produto nacional, pois facilita o acesso a tecnologias mais avançadas, este fato acabou não prejudicando os resultados dos fabricantes de bens de capital nacionais. "Dados da própria Abimaq revelam crescimento de 9,7% no faturamento bruto real da indústria de bens de capital mecânicos nos oito primeiros meses 2011, somente 3,1% abaixo dos níveis de 2008", comenta.

Para o presidente da Abimei, o Brasil precisa investir em bens de capital, nacionais e importados, para fazer frente ao aumento do PIB. "A Abimei é contra a volta ao passado, como o recente aumento do IPI para carros importados, principalmente chineses e sul-coreanos, e defende a desoneração de impostos nos investimentos em bens de capital e meios de produção, sejam eles nacionais ou importados. Só com um parque industrial moderno e máquinas de qualidade conseguiremos fabricar produtos competitivos internacionalmente", declara.

Crispino considera positiva a tendência do Banco Central de baixar os juros e acredita que a medida vai contribuir para aumentar os investimentos em produção. Para ele, o governo ainda deve ao setor uma política industrial que estimule a produção e diminua o chamado Custo Brasil, com mais investimentos em infraestrutura e logística.  A perspectiva para 2012 permanece indefinida: "Vai depender do impacto da crise nos mercados europeus. O Governo parece estar atento. Se mantivermos o ritmo de crescimento na entrada de pedidos em torno de 10%, poderemos finalmente recuperar os índices de 2008".