Fábrica digital traz retorno em longo prazo, diz engenheiro do ITA

A manufatura digital foi tema de palestra ontem (28), no Workshop de Metal mecânica, realizado pelo Senai em Joinville. O coordenador do Centro de Competência em Manufatura do Instituto Tecnológica da Aeronáutica (ITA), Jefferson Gomes, falou de ganhos de produtividade com a organização de produção de forma digital. O Instituto foi responsável por reformular sistemas de produção na Embraer, ZF, Peugeout Citröen e irá iniciar um projeto de automatização de fábrica da Petrobrás.

A partir da análise da rotina de chão de fábrica por meio de programas de simulação 2D e 3D é possível identificar todas as etapas de uma linha de montagem. Desde a posição em que o operário se posiciona, para avaliação de ergonomia, a disposição das máquinas para avaliação do tempo de produção e deslocamentos dos funcionários. A chamada fábrica digital permite o monitoramento de todas as etapas do processo a partir da integração de dados desde a estrutura física da fábrica, passando pelo meios de produção até chegar o produto. Banco de dados como estes permitem análises e respostas para questões de como readequar a produção para um volume maior de peças, onde instalar uma nova máquina adquirida, quantas máquinas comprar para aumentar a produção.

Como exemplo, Gomes citou uma fábrica para qual o ITA prestou consultoria e que pretendia investir na compra de dois robôs. Com a implantação da fábrica digital e análise da disposição de equipamentos, chegou-se a conclusão que apenas um robô seria necessário para alcançar as novas metas de produção.

Para a implantação deste novo modelo é preciso que todas as máquinas estejam cadastradas no sistema para serem avaliadas em termos de ergonomia e funcionalidades, tempo de produção. Neste sistema, o planejamento ocupa a maior parte do tempo de produção para que lá na frente o tempo de lançamento do produto possa ser reduzido.

Jefferson Gomes lembrou que a implantação de uma fábrica digital tem custos elevados e que o retorno financeiro é alcançado apenas em médio a longo prazo. Outra dificuldade na implantação é a mudança de rotina dentro da fábrica. Funcionários mais antigos e com grande experiência em geral tem mais restrições para adaptação a novas mudanças, como nova postura na produção para melhorar a ergonomia ou depender do gerenciamento de tarefas a partir do computador. Por outro lado, os jovens que tem mais facilidade da adaptação não possuem  a experiência dos antigos, então é preciso um equilíbrio e esforço para adaptação ao novo sistema.