Clusters são estratégicos para o desenvolvimento, diz secretária

O Brasil está revendo sua política industrial com foco em competitividade e nos arranjos produtivos locais (APL), que abrangem fundamentalmente micro e pequenas empresas em dimensões regionais e realidades distintas. A informação é da secretária nacional do Desenvolvimento da Produção, Heloísa Menezes, ao participar do primeiro painel no 6º Congresso Latinoamericano de Clusters (Clac), que acontece até esta sexta-feira (20), em Ouro Preto (MG). Conduzido pela especialista em APL Marilena Chaves, o painel “O papel dos clusters no desenvolvimento regional: perspectiva Brasil” reuniu cerca de 350 participantes.

Heloísa Menezes ressaltou que a abordagem do tema no governo federal é transversal. Envolve, por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que atua no âmbito da produção industrial e inserção no mercado global, e o Ministério da Integração Regional, que tem a atribuição do tema desenvolvimento regional. “Os APL são estratégicos para o desenvolvimento local e regional, pois contribuem para aumentar a competitividade, reduzir as desigualdades e ampliar a inclusão social”, destacou.

O diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, mostrou aos participantes a necessidade de se pensar o futuro a partir da realidade atual, de um Brasil que cresce, distribui renda e gera mais emprego. Embora seja similar a países desenvolvidos em número de empresas de pequeno porte e de geração de empregos, a participação dos pequenos negócios brasileiros no Produto Interno Bruto (PIB) precisa dobrar nos próximos anos para garantir mais competitividade ao país no ambiente global.

“Não se trata de uma agenda trivial. Tem a ver com produtividade e competitividade”, enfatizou o diretor, ao assinalar que é prioridade estratégica do Sistema Sebrae contribuir para o desenvolvimento de sistemas produtivos locais numa matriz territorial com abordagem coletiva, pois os pequenos negócios não dispõem de economia de escala. Carlos Alberto informou que o Sebrae atua dessa forma em mais de 2 mil projetos em todo o Brasil.

Carlos Alberto disse ainda que é preciso alavancar estratégias entre diferentes atores – universidades, empresas, órgãos de fomento e empreendedores. Ele também falou da necessidade de se ampliar o conhecimento do ambiente de arranjo produtivo, de haver intervenção integral de apoio orientada para a demanda das empresas, de se estabelecerem metas e objetivos comuns a todos os atores envolvidos nos projetos e de se promover o monitoramento das ações com avaliação de resultados.

Especialista em APL, Renato Caporali, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), preferiu se abdicar da abordagem institucional para defender a ideia de que o Brasil precisa formular uma segunda geração de política de APL, integrada às políticas de desenvolvimento regional. Destacou a necessidade de mais interação com as cadeias produtivas e de uma política para formar quadros de profissionais, principalmente aqueles com experiência e conhecimento de sociologia, economia e ciências políticas. “É preciso compreender as diferenças e combinar metodologias de cadeias produtivas, mais transterritoriais, com as de APL, que se concentram num determinado espaço geográfico”, assinalou.


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