Brasil e Argentina debatem setor automotivo

Os dois países buscam políticas conjuntas para incrementar a produção de veículos em 2011

Os governos brasileiro e argentino preparam uma reunião para o início de 2011 com as montadoras de veículos de ambos países. A meta é apresentar uma política conjunta para o setor durante os próximos anos. O encontro, que deve ocorrer em fevereiro ou março, servirá para que sejam propostos aprofundamentos na integração produtiva da cadeia automotiva da região.

Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Welber Barral, entre as principais ações que devem ser incrementadas bilateralmente nos próximos anos estão a criação de incentivos para uso de maior conteúdo regional na produção de veículos nos dois países, além do fomento a investimentos de ampliação da cadeia e desenvolvimento tecnológico.

"Já existe uma cadeia única para o setor nos dois países. Nossa preocupação hoje é com o aumento das importações de autopeças fabricadas fora do Mercosul", disse Barral após encontro com o secretário de Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi, em Brasília.

No encontro de hoje, os dois secretários acertaram realizar uma maior troca de informações sobre fraudes aduaneiras, para coibir de maneira mais ágil os casos de dumping e de falsificações de certificados de origem de produtos que entram pelas fronteiras dos dois países.

"Existe um problema mundial de sobreoferta de produtos industrializados porque os países desenvolvidos diminuíram suas compras. Essa dinâmica tem um impacto direto nas vendas de Brasil e Argentina a terceiros mercados e na entrada de produtos a preços muito baixos nos dois países", disse Bianchi.

Além de fechar o cerco a fraudes pelo lado das importações, os representantes dos dois governos também pretendem aumentar a promoção conjunta de seus produtos em outros mercados, além de investir na capacitação de agentes locais de comércio exterior e no incentivo à primeira exportação de pequenas e microempresas.

Segundo Barral, iniciativas mais avançadas de integração produtiva com a Argentina já ocorrem em setores industriais como o aeronáutico, naval, moveleiro, de maquinaria agrícola, de vinhos e lácteos. No entanto, a importância do setor automotivo, pelo seu peso na balança de comércio bilateral, em cerca de 30% das exportações de cada lado, impulsiona as negociações no setor.

Comércio crescente
Barral destacou que o fluxo de mercadorias entre os dois países aumentou 40% em 2010, até novembro, chegando a US$ 29,545 bilhões, próximo do recorde alcançado em 2008, quando a corrente de comércio (soma de importações e exportações) de Brasil e Argentina chegou a US$ 30,864 bilhões no total do ano.

Do lado argentino, enquanto as exportações para os demais países cresceram 24% este ano, as vendas para o Brasil aumentaram 31%. Da mesma forma, as importações de produtos brasileiros aumentaram 50% em 2010, ante 44% de expansão nas compras de terceiros mercados. "Com o Brasil tem havido muito mais dinamismo do que com o resto do mundo", concluiu Bianchi.


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