A história da borracha

Por quase 200 anos, o homem tenta encontrar novos usos e tecnologias para a borracha, tanto para a natural quanto para a sintética

Difícil alguém que não use borracha no seu dia-a-dia, só para dar exemplos rápidos, carro, eletrodomésticos e até algumas vestimentas precisam desse material. A borracha é tão essencial que sua presença já é dada por natural. No entanto, desde seu primeiro uso, até as evoluções que a permitem ser tão comum, muitas dificuldades e processos se passaram.

Os componentes mecânicos também não escapam da dependência a este material. Principalmente quando se trata de vedação, podemos citar arruelas, coxims, diafragmas, gaxetas, junta de expansão, raspadores, retentores, entre outros produtos.

Há quase 200 anos que se trabalha em desenvolver produtos que possibilitem o uso do material e para fazer similares sintéticos, com as características da natural.

Borracha natural
SeringueiraAs primeiras notícias que se tem conhecimento sobre a borracha natural foram relatados por volta de 1500, onde cita-se sua utilização pelos nativos da América Central. O látex era extraído das árvores e transformado em produtos como bolas, capas, botas e recipientes impermeáveis. Era denominado "Caoutchouc" (madeira que chora).

Na década de 1820, os pesquisadores MacIntosh e Hancock na Grã Bretanha e Charles Goodyear no EUA, tentaram utilizar a borracha em outras aplicações porém notaram que os produtos ficavam rígidos no inverno e melosos no verão, ou seja, com baixa resistência ao calor, e pobres propriedades físicas.

Após muitos fracassos, Charles Goodyear descobriu, em 1839, que misturando a borracha com enxofre e aquecendo-a, as diferenças de temperatura não mais a afetavam, além de melhorar suas propriedades físicas. Descobriu-se a vulcanização. O mesmo foi conseguido por Hancock na Inglaterra. Apesar deste avanço, o envelhecimento do material ainda era péssimo, e logo se percebeu que o uso do enxofre possuia muitas limitações. Começou a busca de outros materiais que melhorassem as propriedades do produto com menos tempo de vulcanização. O óxido de zinco já foi mais uma passo a frente.

Em 1906, Oenslager descobriu o que seria o primeiro acelerador orgânico, a anilina. Dela derivou-se a tiocarbanilida, que além de ser menos tóxica era um acelerador mais poderoso. A combinação de óxido de zinco e tiocarbanilida permitiu uma  redução no nível de enxofre com melhora nas características do envelhecimento, sendo o tempo de cura reduzido em 50%.

Novas experiências com derivados de tiocarbanilida culminaram com a síntese do mercaptobenzotiazol (MBT), em 1921. este foi o primeiro acelerador comercial realmente seguro. O que proporcionou muitas vantagens na mistura, como redução nos níveis de enxofre, maior resistência ao envelhecimento, tempos de vulcanização mais curtos e melhores propriedades físicas.

Outra descoberta importante, foi as dos ácidos graxos para sistema de cura. Descobriu-se componentes graxos dentro da própria borracha natural e que estes componentes ativavam o processo de vulcanização. Tornou-se então, prática comum o uso destes componentes contra possíveis deficiências na borracha natural.

Hoje em dia existem centenas de produtos com funções específicas nos compostos de borracha, com o objetivo de atingir as mais diversas solicitações, e muitos outros produtos ainda serão criados para novas necessidades.

Borracha sintética
A história da borracha sintética começou, basicamente, em 1860 quando Greville William, isolou da borracha natural uma substância pura a que chamou de isopreno. Em 1879, G. Bouchardat mostrou que o isopreno poderia ser transformado em um sólido semelhante a borracha.

Em 1884, Tilden demonstrou que o isopreno poderia ser obtido pela decomposição de óleo de terebentina, e também poderia ser polimerizado. A primeira patente para polimerização do isopreno foi requerida pelos ingleses Strange e Matthews pouco antes do mesmo processo ser patenteado na Alemanha por Harries e pela Bayer Company.

Em 1914, início da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha viu-se obrigada a intensificar esforços neste campo, chegando a  produzir quase 2,5 mil toneladas de material que, entretanto, não poderiam competir com a natural nem em preço, nem em qualidade. Sua produção cessou com o fim da guerra.

Mas foi a explosão da Segunda Grande Guerra que forçou os Estados Unidos a um desenvolvimento rápido da borracha sintética. Como os japoneses sabiam que o ponto fraco da futura super-potência era produção de borracha natural, o país nipônico bloqueou as exportaçoes do material para os norte-americanos. E foi a partir dessa pressão econômica e bélica que se desenvolveu a borracha sintética como se conhece hoje.


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