Petrobras espera até amanhã resposta da Bolívia sobre refinarias

Fonte: Folha Online - 09/05/07

A Petrobras vai esperar até amanhã uma posição da Bolívia sobre a proposta de venda integral das duas refinarias que a estatal brasileira tem no país vizinho. O presidente da Petrobras na Bolívia, José Fernando de Freitas, se reuniu nesta quarta-feira com o ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, e membros do governo de Evo Morales para esclarecer a proposta, apresentada na última segunda-feira pela Petrobras.

"No encontro, a Petrobras apresentou sua proposta e não houve nenhuma mudança", disse Fernando de Freitas, que estava acompanhado por três funcionários de alto escalão da empresa ao sair da reunião.

"O ministro [Carlos Villegas] e o governo [boliviano] receberam e entenderam a proposta e vão fazer suas avaliações", afirmou Freitas segundo a agência de notícias France Presse. Ele ressaltou que a Petrobras "mantém o prazo de quinta-feira" para concluir a operação.

No Brasil, a estatal, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que espera uma resposta até as 10h de amanhã.

Os termos da proposta continuam confidenciais. Segundo fontes próximas ao governo boliviano, a Petrobras teria pedido US$ 112 milhões pelas refinarias Villarroel (Cochabamba) e Elder (Santa Cruz), pouco mais que os US$ 100 milhões que pagou em 1999, após uma licitação.

O governo boliviano não informou quanto ofereceu à Petrobras pelas duas refinarias, mas até a semana passada as especulações davam conta de uma oferta entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões.

No final da manhã de hoje, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse que o clima as negociações "estava melhor" e que esperava uma resposta positiva das conversas com a Bolívia. A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tomou posição parecida e disse que espera bons resultados.

No entanto, assim como já havia defendido o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, Dilma ressaltou que caso a Petrobras não tenha uma resposta satisfatória, o Brasil vai apelar a tribunais internacionais para garantir os seus direitos e o pagamento de um "preço justo" pelas refinarias.

Entenda

Até a quinta-feira passada, quando ocorreu última rodada de negociações com a Bolívia, a estatal brasileira ainda considerava a possibilidade de manter uma participação minoritária nas refinarias bolivianas com um contrato de operação, o que foi descartado nesta semana.

O abandono do refino de petróleo é uma resposta ao decreto assinado por Morales no último domingo que concedeu à YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) o monopólio da exportação do petróleo reconstituído e das gasolinas "brancas" produzidos pelas refinarias do país, o que afeta o fluxo de caixa das empresas.

Ontem, diante da reação do governo brasileiro ao decreto, que destacou a possibilidade de reflexos no relacionamento entre os dois países, o presidente boliviano disse que aposta em um acordo com o Brasil.

Gás

Por enquanto, a questão do gás que o Brasil importa não está em discussão. O ministro Silas Rondeau reafirmou hoje que a não acha que a situação com a Bolívia chegue a um limite no qual seja necessário aplicar um plano de contingenciamento.

O projeto começou a ser elaborado no ano passado pelo governo, depois do rompimento de um duto na Bolívia por causa das chuvas.

Uma possível interrupção na distribuição do gás boliviano no Brasil teria mais impacto nas indústrias do que nos nos consumidores residenciais ou de gás veicular --a Bolívia é a origem de quase metade das necessidades diárias do Brasil.

Questionado sobre a possibilidade de o Brasil cancelar o aumento do preço do gás natural, acertado em fevereiro, durante a visita de Morales, o ministro afirmou na terça que, por enquanto, o preço não está na mesa de negociações.

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