Planos de siderúrgicas terão atraso de 4 anos

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Os estragos provocados pela crise internacional vão atrasar em até quatro anos os planos do setor siderúrgico de ultrapassar a marca de 60 milhões de toneladas de capacidade instalada no País. É o que aponta estudo preparado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será divulgado nas próximas semanas. O trabalho mostra que o volume de 62 milhões de toneladas/ano de capacidade instalada, previsto antes da crise para 2012, só será alcançado em 2016.

Segundo o gerente da área de indústria de base do IBGE, Pedro Sérgio Landim, a crise obrigou muitas companhias a suspender, ao longo deste ano, seus planos de investimentos, o que irá se traduzir em um crescimento mais lento do parque siderúrgico. “Alguns projetos saíram do pipeline (planejamento) definitivamente”, lembrou Landim.

O ritmo mais gradual de crescimento deve reduzir também o volume de desembolso do BNDES para o setor. A expectativa é de queda em torno de 20% nas liberações do banco frente a 2008, que deve fechar na casa dos R$ 3,5 bilhões. Segundo ele, como 2009 foi um ano de engavetamento de projetos, novos pedidos de financiamento só devem se refletir nas liberações do banco a partir de 2011. “O grosso do investimento já foi feito”, disse.

Pelas estimativas do BNDES, as siderúrgicas vão investir R$ 4 bilhões ao longo do ano que vem em projetos de expansão. O levantamento tomou como base informações fornecidas por representantes de siderúrgicas que estiveram no banco na semana passada. O objetivo do encontro, o primeiro desde o início da crise, foi analisar as perspectivas para o setor.

Segundo o chefe do Departamento de Indústria de Base do BNDES, Paulo Sérgio Moreira Fonseca, as siderúrgicas estão otimistas com o cenário de recuperação. A previsão do banco é de que a produção registre, em 2010, um incremento de 20% frente os 27,3 milhões de toneladas produzidos este ano. No auge da crise, seis dos 14 altos fornos do País foram parados simultaneamente e a produção de aço chegou a cair 37% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.

O uso da capacidade instalada chegou a minguar para 47% no início do ano. “O setor está se recuperando mais rápido do que se esperava. (…) Talvez, no ano que vem, nós vamos conseguir chegar a um nível muito parecido com o registrado antes da crise”, previu. Apesar dessa expansão, Fonseca é cético em relação a um aumento expressivo dos preços dos produtos da cadeia siderúrgica. Para ele, as empresas tendem apenas a recompor suas margens, reajustando os preços caso se confirme a perspectiva de um aumento entre 10% a 20% nos preços do minério de ferro e do carvão, matéria-prima na produção do aço.


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