Empresas energéticas visam preservação

Fonte: IDER - 30/04/07

Preocupação ecológica passa a fazer parte do dia-a-dia das empresas energéticas. O desenvolvimento de programas de preservação ambiental passou a ser prioridade para as empresas do setor energético. Ao gerar eletricidade, as hidrelétricas contribuem para o crescimento econômico do País, mas, ao mesmo tempo, surgem os preocupações em relação ao meio ambiente.

Ao construir uma barragem, os meios físicos, bióticos, sociais e econômicos são atingidos. Preocupadas em resolver a questão, as companhias energéticas estão engajadas na atuação direta e na gestão de projetos relacionadas ao tema. A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) formou em suas usinas os chamados "Comitês de Meio Ambiente e Social". "A nossa missão com o meio ambiente fez com que a visão sobre um empreendimento fosse mudada. Hoje, cumprimos com rigorosidade o reflorestamento de grandes áreas", disse Tarcísio Borin Junior, gerente de meio ambiente da CPFL, empresa que em 2006 investiu R$ 48 milhões em projetos ambientais.

Num trabalho inédito, a CPFL, que tem usinas com mais de 90 anos, conseguiu repotencializar algumas unidades sem aumentar as barragens, o que acabou não interferindo nos reservatórios. "Num caso de repotencialização, foi possível executar um projeto aprovado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e obter o credenciamento para a geração de créditos de carbono sem aumentar o impacto ambiental", ressaltou Borin Junior. A CPFL obteve da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovação para comercializar créditos de carbono da usina Montes Claros (130 megawatts).

"Estamos preocupados com o aquecimento global e vamos continuar fazendo a nossa parte. Tudo é muito sério e é preciso, com a máxima urgência, neutralizar os gases do efeito estufa", afirmou. No ano passado, o grupo Energias do Brasil (EDB) investiu R$ 45 milhões em meio ambiente, recursos alocados para projetos diretamente relacionados à geração, distribuição e comercialização de energia.

A EDB também iniciou, em 2006, o processo de introdução de um Sistema de Gestão Integrada em todos os seus ativos de geração e de distribuição, com o objetivo de obter as certificações ISO 14000 e OHSAS 18000, num período de dois anos. Ainda no ano passado, o grupo foi aceito como membro do Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) pelo uso responsável dos recursos naturais.

Pelo seu próprio perfil de atuação, o grupo Energias do Brasil interfere em ambientes naturais e rurais, seja pela construção de usinas e reservatórios ou pelas atividades desenvolvidas em áreas de preservação. Para garantir o cuidado com o meio ambiente, são desenvolvidos vários programas de manejo, recuperação e educação ambiental, como o de replantio de mudas. Para a construção da linha de transmissão Norte/Nordeste, no Parque Ecológico do Tietê (SP), a Bandeirante, uma das distribuidoras do grupo EDB, plantou 25 mil mudas nativas, doou equipamentos para o Centro de Recuperação de Animais Silvestres e construiu cercas para a proteção dos animais que habitam o parque.

Para cumprir o seu compromisso com a preservação do meio ambiente, a EDB imprimiu seu relatório anual de 2006 em papel Evergreen, cujo processo de fabricação provoca o menor impacto ambiental possível. Sendo assim, foram poupadas 75 árvores, 115 mil litros de água e 9.200 kW de energia, evitando que 2,9 toneladas de gases e 1,6 tonelada de lixo sólido fossem lançados no meio ambiente. A Eletronuclear, responsável pelas duas usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, também desenvolve um programa de monitoração ambiental permanente.

Este processo começou bem antes da entrada em operação da primeira usina, em 1985. À época, o Laboratório de Monitoração Ambiental da Eletronuclear mediu os níveis de radioatividade natural e realizou estudos populacionais dos seres vivos (flora e fauna) na área de influência da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, ou Angra 1. Os resultados desses estudos permitem a comparação com dados obtidos hoje, em amostras regularmente coletadas de água do mar, da chuva e de superfície, de areia da praia, algas, peixes, leite, pasto e do ar.

Esse trabalho constatou que, em mais de 20 anos, o funcionamento das usinas de Angra não causou nenhum impacto significativo no meio ambiente. "Para se ter uma noção exata de como a empresa cumpre o seu papel socioambiental, só para os programas de compensação ambiental de Angra 2 e para seus rejeitos são destinados, todos os anos, R$ 4 milhões", disse Iukio Ogawa, superintendente de licenciamento e meio ambiente da Eletronuclear. Esse valor pode ser superado caso seja reativado o projeto de construção de Angra 3.

Uma equipe de biólogos, físicos e químicos da Eletronuclear executa programas contínuos de monitoração e envia os resultados para os órgãos fiscalizadores nacionais e internacionais. O controle de qualidade das análises é realizado por meio de programas de intercomparação mantidos pela Agência Internacional de Energia Atômica, pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e pelo Instituto de Radioproteção e Dosimetria, da Comissão Nacional de Energia Nuclear.