Fabricantes de máquinas retomam ânimo e investem

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O setor produtivo brasileiro está retomando seus investimentos após identificar melhora na economia e aumento gradual da demanda, avaliam os fabricantes de máquinas e equipamentos, que representam um termômetro para o nível de investimento da indústria. Os pedidos firmes estão crescendo e pela primeira vez, desde a eclosão da crise, a fabricante JCB conseguiu fechar com um mês de antecedência os pedidos de outubro. "As consultas estão aumentando, os pedidos firmes estão crescendo, já que aumentou a liberação de crédito", contou ao DCI o gerente-geral da JCB, Sidney Matos.

A fabricante britânica de retroescavadeiras e manipuladores telescópicos, com planta instalada em Sorocaba (SP), já está trabalhando, segundo o seu gerente-geral, próxima de sua capacidade máxima. "Estamos neste mês ampliando e comprando ferramentas para aumentar a produtividade. Voltamos também a contratar", afirmou Matos. Segundo o executivo, as vendas de retroescavadeiras do acumulado do ano até julho já obtiveram crescimento de 2% na comparação com o ano anterior.

Segundo o gerente-geral da JCB, os diversos projetos que foram suspensos por conta da crise começaram a ser retomados. "A partir de março começram a voltar alguns projetos, mas nessa época eles ainda esbarravam na falta de crédito", destacou.

O aumento das consultas também está sendo registrado pela produtora de empilhadeiras elétricas Skam. "Há muitas consultas, o que significa a volta dos investimentos na ponta. No primeiro semestre do ano foi muito baixo. Agora está retomando. No último trimestre isso deve se consolidar", afirmou o diretor superintendente da Skam, Paulo Coggo.

De acordo com o executivo, os pedidos firmes registrados pela empresa são, em sua grande maioria, feitos por meio da Finame (linha de crédito para aquisição de máquinas e equipamentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Os pedidos com capital próprio, comuns antes da crise, estão muito baixos", disse Coggo. Segundo ele, o pacote "pró-investimento", criado pelo governo federal para incentivar a indústria de bens de capital ainda não gerou os efeitos esperados. "Ainda há morosidade para a regulamentação e preparação da documentação. Isso está atravancando", afirmou o diretor da Skam. Segundo o último levantamento do BNDES, os desembolsos para máquinas e equipamento da Finame atingiram R$ 21,6 milhões no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em junho deste ano, registrando alta de 10% ante o período anterior.

Já a indústria fabricante de tornos automáticos Ergomat também reconhece o retorno da confiança do empresariado brasileiro. "Após um período de forte queda na entrada de pedidos, que se estendeu desde outubro até abril deste ano, tanto o nível de consultas como os resultados de vendas vem crescendo sucessivamente", salientou o diretor de Vendas da Ergomat, Alfredo Ferrari.

"As medidas econômicas tomadas recentemente pelo governo federal para incentivar a demanda da indústria automobilística e do setor de eletrodomésticos, somada à acentuada queda dos juros para aquisição de máquinas através de financiamento da Finame contribuíram fortemente para o aumento nas vendas de máquinas-ferramenta para o mercado interno neste segundo semestre", disse. Segundo o executivo, os estoques da companhia também estão menores.

Capacidade
O analista do setor de bens de capital da Tendências Consultoria, Alexandre Gallotti, aguarda que a produção do setor atinja os mesmos números de 2008 na metade de 2010. Segundo o analista, os produtores estavam trabalhando em níveis recorde ano passado para atender o elevado grau de investimento do setor produtivo. "Conforme for aumentando a utilização da capacidade instalada vai haver uma nova demanda por investimentos", afirmou. Hoje o setor industrial trabalha em média, com 20% de ociosidade.

"Já observamos recuperação desde o início do ano e deste então há uma recuperação lenta. Com a melhora do cenário econômico, melhora a ideia de qual a perspectiva de venda e de produção e assim o empresário volta a investir", completou. A expectativa do analista da Tendências é que, mesmo com o a recuperação, o setor feche o ano com queda de 19% na comparação com o desempenho anotado no ano anterior.


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