Indústria paulista busca posição sobre mudança climática

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A 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima será realizada em dezembro na Dinamarca, mas a Fiesp já formou um comitê que está discutindo a definição de um posicionamento da indústria brasileira sobre o assunto.

A preocupação se respalda no fato de que a energia, necessária ao desenvolvimento, deverá ser a questão central da discussão sobre mudanças climáticas, como defende o diretor-titular do Departamento de Infraestrutura-Energia (Deinfra-Energia), Carlos Cavalcanti.

“Onde os países terão que mexer? Justamente na matriz energética e, neste sentido, o Brasil é privilegiado por manter uma matriz limpa e um programa de biocombustíveis único no mundo”, ressaltou Cavalcanti, nesta terça-feira, durante seminário na Fiesp.

O diretor de Energia da Fiesp disse ainda que a instituição está articulada com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e deverá discutir com o governo brasileiro o posicionamento que está sendo preparado. “Envolvemos cinco departamentos da Fiesp e contratamos uma consultoria para a elaboração de um position paper”, informou.

O tom das discussões
Responsável por acompanhar a política comercial dos Estados Unidos, o diretor-executivo da Brazil Industries Colition (BIC), Diego Bonomo, explicou como as mudanças na legislação norte-americana sobre a produção de energias limpas deverão influenciar e dar o tom das discussões em Copenhagen.

“O fato de o déficit comercial dos EUA ser da ordem de 900 bilhões de dólares – sendo que um terço é por conta do comércio com a China – contamina a discussão sobre mudanças climáticas”, argumentou Bonomo.

Regulação
A proposta de criar uma legislação para regular a redução de gases de efeito estufa está em discussão no Congresso dos Estados Unidos. O texto já foi aprovado na Câmara e aguarda votação do Senado.

“Acredito que até outubro esta lei será aprovada”, adiantou o executivo da BIC. Pela proposta, o antigo sistema “carbon tax” dará lugar ao sistema “cap-and-trade”. “Nos interessa saber quais são as medidas de competitividade do sistema escolhido.”

Segundo Bonomo, as mudanças na legislação poderão afetar as indústrias brasileiras, especialmente as que exportam para os Estados Unidos. Já as companhias brasileiras com sede em território norte-americano estarão sujeitas a metas de emissão e poderão se beneficiar de subsídios e barreiras comerciais.

“As exportadoras terão de comprar licenças e alguns casos específicos do agronegócio também estarão sujeitos a barreiras comerciais e subsídios”, complementou o diretor da BIC.

A assessora econômica da Missão do Brasil em Genebra junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), Vera Thorstensen, alertou que é preciso acompanhar a aprovação da legislação norte-americana e confirmou que ela dará o tom das discussões no evento que discutirá as mudanças climáticas do planeta em dezembro. “Esta não é uma preocupação para o futuro. É uma preocupação para agora”, reiterou.