Brasil será sexto país em investimentos para pesquisa

Disse Marc Giget, um dos palestrantes do 2º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria

Fonte: Agência Brasil-Árabe - 25/04/07

O Brasil será, dentro de 10 anos, o sexto país no qual as grandes empresas mundiais mais investirão em pesquisa e desenvolvimento. Atualmente ele é o 12º. A informação faz parte dos dados divulgados ontem (24) pelo responsável por projetos de inovação em mestrado e doutorado do Centro Nacional de Artes e Ofícios da França, Marc Giget, no 2º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, que ocorre no Hotel Hilton, em São Paulo. Giget foi um dos palestrantes do encontro, que reúne até hoje (25) ao redor de 500 pessoas, entre empresários, executivos, acadêmicos e representantes do setor público.

De acordo com Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), promotora do encontro, o Brasil tem como meta destinar 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para a inovação até 2010. Hoje, os setores público e privado brasileiro aplicam juntos 1% do PIB em pesquisa e ciência.

Os industriais brasileiros vão apresentar, ao final do encontro, um plano para incentivar o investimento em inovação entre as empresas do país. O governo federal também está preparando um plano de apoio para o desenvolvimento da pesquisa e tecnologia nas indústrias, cujas discussões estarão concluídas em dois meses.

De acordo com o diretor de Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Evandro Mirra, o Brasil tem atualmente 1,2 mil empresas que fazem pesquisa para inovação. Entre elas, 400 são exportadoras e 170 ocupam posições de liderança, no mundo, em seus setores. Mirra cita como setores nos quais o Brasil está na ponta, em tecnologia, o agronegócio, petróleo e gás, automação bancária, automação industrial e energias renováveis. "O agronegócio foi uma das primeiras áreas do Brasil que aprendeu como mobilizar conhecimento para ter uma produção mais eficaz", disse Mirra.

O diretor de Inovação da ABDI afirma que o Brasil tem obtido sucesso em agregar conhecimento a atividades de produção de massa. "São atividades tradicionais que, ao agregar conhecimento, você obtém coisas extraordinárias. Um exemplo é o pão de queijo. Era uma cerimônia familiar de Minas Gerais (a preparação e o consumo do pão de queijo), até que o uso de tecnologia para congelar a massa de pão de queijo e a possibilidade de comercialização gerou 500 empresas no Brasil, uma pauta de exportação de algumas centenas de milhões de dólares para 30 países e mais de 40 mil empregos no país", diz.

O presidente da CNI afirmou que entre as empresas que investem em tecnologia no Brasil estão as multinacionais, como do setor automobilístico. Ele lembrou também de iniciativas, menos visíveis, que estão ocorrendo entre as pequenas empresas, principalmente da área tecnológica. Mirra disse que um dos setores, por exemplo, em que o país vem investindo bastante em pesquisa e inovação, para ganhar mercado, principalmente o internacional, é na microeletrônica. O setor envolve desde equipamentos para o setor médico e hospitalar até telas de computadores e de televisores.

Inovação no mundo

De acordo com o francês Giget, os últimos dados apontam que existem 10 milhões de pesquisadores no mundo, são publicados 15 mil artigos científicos por dia, investidos US$ 1 trilhão em pesquisa e desenvolvimento por ano e concedidas 800 mil patentes, também ao ano. O número de pesquisadores deve dobrar em dez anos e passar a 20 milhões, segundo o especialista, fundador do Instituto Europeu de Estratégias Criativas. Os grandes responsáveis por esse aumento, segundo Giget, serão os chineses e indianos. No ano passado, de acordo com ele, existiam um milhão de pesquisadores na China. "Foram formados 800 mil engenheiros na China em 2006", disse o francês.

A China, segundo ele, em 10 anos, vai investir mais em pesquisa do que os Estados Unidos. O Brasil também vai crescer, de acordo com Giget, mas menos rápido do que os chineses. "Os grandes pesquisadores estão se dando conta que o Brasil é um dos focos de pesquisa e desenvolvimento", disse ele aos participantes do congresso.

O francês definiu o que é inovação e lembrou que ela precisa ser feita para atender os anseios dos indivíduos. "Inovar é simplificar as coisas para o usuário", definiu. De acordo com ele, existe uma correlação histórica entre o avanço da inovação e o crescimento das riquezas no mundo. "Parte destas riquezas vai se transformar em impostos, o que vai beneficiar a todos", disse. Giget foi um dos principais palestrantes do congresso.

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