Indústria mineira deixa crise para trás

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Novos sinais de recuperação das encomendas das indústrias de mineração e siderurgia animam o comércio e o cinturão de fornecedores dessas empresas em municípios da Região Central do estado e do Vale do Aço. Os dois setores foram dos mais afetados em Minas Gerais pela crise financeira mundial.

A expectativa de religamento até o fim da semana do alto-forno 2 da usina da Usiminas, em Ipatinga, se juntou às notícias sobre a reativação de mais quatro fornos das fábricas de ferro-gusa (matéria-prima para fabricação de aço) de Sete Lagoas e ao anúncio do presidente da Vale, Roger Agnelli, de retomada das atividades da mineradora na reserva de Gongo Soco, em Barão de Cocais.

O pior momento da crise já passou para Roger Agnelli, embora a companhia ainda trabalhe com um cenário difícil para este ano. As operações da mina de Congo Soco foram paralisadas logo depois do estouro das bolsas de valores, em setembro,assim como outras reservas da mineradora no estado. Essa foi uma estratégia para se ajustar à baixa demanda por minérios e aço no mundo, ante a escassez do crédito.

Em Ipatinga, o alto-forno 2 da Usiminas está paralisado desde janeiro pelo mesmo motivo. Em recente entrevista à imprensa, o presidente da siderúrgica, Marco Antonio Castello Branco, havia informado que a empresa passa pela maior crise de sua história. Sacrificada com a queda de vendas tanto no mercado interno quanto no exterior, não esperava poder religar fornos antes do fim do ano.

Em Ipatinga, segundo o sindicato local dos metalúrgicos, a reativação do alto-forno 2 já está sendo preparada para os próximos dias. Aposentados com experiência na operação do equipamentos estão sendo recontratados por empresas prestadoras de serviços à Usiminas, informou Luiz Carlos de Miranda, presidente do sindicato. “Queremos mais produção e empregos. As informações que chegam ao sindicato mostram que está em curso uma recuperação do setor”, afirma.

Conforme estimativa do sindicato de Ipatinga, 1,1 mil trabalhadores foram demitidos da siderúrgica, diante da turbulência mundial, e outras 1,6 mil pessoas perderam emprego nas empresas fornecedoras de matérias-primas e de serviços à companhia. A Usiminas informa ter demitido 842 trabalhadores entre janeiro e março nas usinas de Ipatinga e Cubatão, de um efetivo de 15 mil empregados.

Embora sem informações oficiais sobre a data de religamento do forno, comerciantes e industriais de Ipatinga já mostram alívio com as notícias que circulam na cidade.

Os fornecedores do setor de metal-mecânica foram os mais prejudicados pela queda de encomendas, de acordo com o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária do município, Gustavo Ataíde Souza. “Acreditamos num início de melhora do nível das encomendas. O comércio não sentiu tanto a crise quanto a indústria em seu faturamento, mas já vinha registrando aumento da inadimplência”, afirma. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Usiminas informou que não há cronograma definido para o religamento de fornos na usina.

Ainda segundo informações do sindicalista Luiz Carlos de Miranda, foi acertado um acordo com a siderúrgica que dá preferência à recontratação dos demitidos , quando a empresa recuperar o nível de atividade na fábrica. Depois das demissões feitas no começo do ano e da interferência do Ministério Público do Trabalho, a companhia se comprometeu a comunicar com antecedência ao sindicato da categoria, a realização de novos cortes, o que não voltou a ocorrer.

A reativação da mineração e da siderurgia significa serviços também para os produtores de ferro-gusa. Em Sete Lagoas, o sindicato local dos metalúrgicos registrou o religamento de cinco fornos no mês passado e a reativação continua até agosto, notícia tão esperada pelo presidente da instituição, Ernane Geraldo Dias.

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