Indústria registra maior otimismo desde outubro


O Índice de Confiança da Indústria (ICI), indicador-síntese da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, subiu 4,8% em junho ante maio, informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A entidade informou também que revisou o ICI referente a maio, de 6% para 5,9%. Na comparação com junho do ano passado, o ICI registrou queda de 21,3% este mês, recuo menos intenso do que a taxa negativa de 24,2% em maio, no mesmo tipo de comparação, nos dados sem ajuste sazonal.

O ICI é um indicador que utiliza para cálculo uma escala que vai de zero a 200 pontos, sendo que o resultado do índice é de queda ou de elevação, se a pontuação total das respostas fica abaixo ou acima de 100 pontos, respectivamente. Os dados atualizados do índice mostram que, na passagem do mês passado para este mês, o indicador subiu de 89,5 pontos para 93,8 pontos, o maior desde outubro do ano passado, quando foi de 104,4 pontos, considerando-se dados com ajuste sazonal.

De acordo com a FGV, no ICI de junho, o resultado sustenta a tendência de recuperação da indústria verificada no segundo trimestre deste ano. O ICI é composto por dois indicadores. O primeiro é o Índice da Situação Atual (ISA), que teve alta de 4,4% em junho, após registrar aumento 7,6% em maio, nos dados atualizados na série com ajuste sazonal.

O segundo componente do ICI é o Índice de Expectativas (IE), que apresentou avanço de 5,2% em junho, em comparação com a alta de 4% em maio, também na série atualizada com ajuste sazonal. Na comparação com junho do ano passado, nos dados sem ajuste sazonal, houve quedas de 22,9% e de 19,6%, respectivamente, para o ISA e para o IE, em junho deste ano. O levantamento para cálculo do índice foi feito entre os dias 4 e 25 de junho, em uma amostra de 1.062 empresas informantes.

O coordenador de sondagens conjunturais da FGV, Aloisio Campelo, afirmou que a tendência é de o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) do setor industrial retornar à média histórica de 82,3% ao final deste ano ou no primeiro trimestre de 2010. Em junho, tal indicador medido pela instituição atingiu 79,5%. Apesar da pequena elevação ante 79,2% apurados em maio, foi o maior desde dezembro de 2008, quando o indicador apontava resultado de 79,9% pela indústria de transformação.

"Está havendo uma recuperação lenta do Nuci e isto é um reflexo dos investimentos fortes realizados pelas empresas antes da piora da crise (até setembro do ano passado) e também da significativa retração da demanda agregada no final do ano passado e primeiro trimestre deste ano que reduziu bastante a produção das companhias", afirmou Campelo.

Ainda segundo a fundação, na série de dados sem ajuste sazonal, o nível de uso de capacidade em junho foi de 79,1%, também o mais intenso desde dezembro do ano passado, quando o Nuci alcançou nível de 80,6%. Em função da recuperação lenta do Nuci, o pesquisador da FGV avalia que as empresas voltarão a investir e contratar funcionários num ritmo mais acelerado em 2010.

Segundo Campelo, o mercado interno é o principal elemento que puxa o consumo das famílias. Como boa parte da produção industrial está relacionada com exportações, o setor manufatureiro nacional deve apresentar dinâmica maior no próximo ano, pois a perspectiva é de que a recessão mundial perca ritmo no segundo semestre, o que vai permitir uma retomada mais expressiva do comércio internacional em 2010.

O Indicador do Nível de Atividade (INA) da indústria paulista subiu 0,9% em maio na comparação com abril, no cálculo com ajuste sazonal, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). No cálculo sem ajuste, na mesma base de comparação, houve alta de 6,9%. No acumulado de janeiro a maio deste ano, a atividade da indústria paulista registrou queda de 12,5% ante os cinco primeiros meses do ano passado. Já nos últimos 12 meses até maio, o indicador teve queda de 4,4%.

O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria paulista subiu para 80,4% em maio ante 78,9% em abril, no cálculo sem ajuste. No resultado com ajuste, o Nuci ficou praticamente estável e registrou 79,5% no mês passado, ante 79,4% no mês anterior. A Fiesp divulgou ainda a pesquisa Sensor, com os resultados da segunda quinzena de junho. De acordo com a entidade, a confiança do empresário ficou em 51,6 pontos nos 15 dias finais deste mês, de 51,4 pontos nos 15 primeiros dias de junho.

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