Usinas do País enfrentam aço mais barato do exterior

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O aumento das importações de aço nos últimos meses pressiona as siderúrgicas brasileiras a reduzirem seus preços no mercado interno. A competição com o produto estrangeiro, proveniente da China, da Ucrânia e da Rússia, se acirrou recentemente porque os preços internos estão muito mais altos do que no exterior, o que torna as importações mais vantajosas.

Tradicionalmente, os preços internos são cerca de 20% mais altos que os do produto importado para refletir a facilidade logística, mas hoje alguns produtos estão até 45% mais caros no mercado interno, ressalta o analista de siderurgia e mineração do Santander, Felipe Reis. Enquanto a bobina a quente custa R$ 1,7 mil por tonelada no Brasil (cerca de US$ 870), o mesmo produto importado sai por US$ 600 por tonelada, já incluindo as despesas de importação.

A disparidade se ampliou no terceiro trimestre do ano passado, quando as usinas nacionais completaram a rodada de reajustes de preço (que subiu cerca de 50% em 2008), enquanto o mundo começava a sofrer os efeitos do acirramento da crise mundial. Os preços externos, que haviam chegado a US$ 1,2 mil por tonelada em julho no mercado externo, começaram a cair e atingiram os níveis atuais de US$ 430, em média.

Nos últimos meses, este "prêmio" das usinas brasileiras foi protegido pela valorização do dólar, que chegou a R$ 2,50 no auge da crise financeira, inibindo a entrada de aço estrangeiro. Agora, com a tendência de queda do dólar, as companhias brasileiras ficaram mais expostas à competição externa. "A queda do preço em dólar no mercado externo e a apreciação do real retiraram essa proteção", diz Reis.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), as importações cresceram 18% em valor no acumulado de janeiro a abril ano em comparação com 2008, somando US$ 1,04 bilhão. Em volume, o avanço foi de 2,2%, passando de 695,3 mil toneladas para 710,7 mil toneladas. Em abril, as importações avançaram 16,8% em volume e 5,4% em valor, na comparação com o mesmo mês de 2008.

Desde o acirramento da crise, as usinas brasileiras fizeram apenas reajustes tímidos de preços. Segundo os balanços do primeiro trimestre das três maiores empresas abertas do setor - Usiminas, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Gerdau -, os preços médios caíram somente 5% a 8% no período. A chapa grossa, produzida pela Usiminas e usada na indústria naval e de tubos, liderou as quedas com reajustes de 30%. As bobinas a quente e a frio tiveram queda de cerca de 12% a 14%. Para o próximo trimestre, o mercado espera quedas de mais 10%, de acordo com os analistas.

Apesar de servir como pressão, as importações não são uma alternativa sustentável para os grandes compradores de aço, segundo os especialistas, porque as grandes empresas dependem de contratos de longo prazo com as usinas internas, que oferecem serviços e são mais ágeis.

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