Contaminação de óleo de corte: um problema crônico


Entra ano e sai ano, vem crise econômica e vai crise econômica, e a indústria metal-mecânica brasileira continua a tratar mal, na média, o fluido de corte que usa para lubrificar e refrigerar as suas máquinas-ferramenta.

De acordo com Arley Barbosa da Silva, engenheiro de aplicação da Bardahl, a área de assistência técnica da empresa, que está entre os maiores fabricantes de fluidos de corte do país, presta em média de 15 a 20 atendimentos por mês, provocados por anomalias detectadas no óleo.

“A maior parte dos problemas são causados pela contaminação”, diz Silva. “Nada menos do que 90% das análises de fluído de corte que chegam ao nosso laboratório acusam a presença de bactérias aeróbias, anaeróbias e coliformes, que se proliferam devido à presença dos mais diferentes materiais no reservatório do óleo”. Os outros 10% dos problemas são provocados, principalmente, pela reposição errada do óleo na máquina.

Segundo o engenheiro da Bardahl, nem sempre é simples detectar a origem da anomalia. O trabalho de investigação – que começa com o recolhimento de amostras na empresa do cliente e é desenvolvido nos laboratórios da Bardahl – leva no mínimo 7 dias, mas alguns chegam a demorar 3 meses.

Conheça os sintomas mais comuns e suas causas
De acordo com a Bardhal, são estes os sintomas mais comuns de contaminação de fluído de corte, e estas são as suas principais causas:

Mau cheiro - presença de bactéria, excesso de óleo barramento no fluido de corte (as máquinas têm um sistema centralizado para lubrificação das guias e barramentos. Os fabricantes regulam a máquina para serem bem lubrificadas, porém o excesso de óleo no fluido de corte - pois ele é arrastado para o reservatório - oferece os alimentos adequados para as bactérias).

Corrosão nas peças - presença de bactéria, ácido úrico do operador, concentração baixa do fluido de corte;

Corrosão na máquina - presença de bactéria e concentração baixa do fluido de corte;

Mudança de coloração no fluido de corte - concentração inadequada, geralmente mais baixa ou somente com água.

Episódios se devem ao descuido e pouca informação
A maioria dos casos de contaminação do fluído de corte é provocada pelo descuido ou pela falta de informação do operador. Alguns casos tratados pela Bardahl beiraram o tragicômico:

Mesma vassoura - Um dos clientes da Bardahl reclamava que o fluido de corte apresentava cheiro ruim. Na análise de laboratório, foram identificados três tipos de bactéria: aeróbia (que precisa de oxigênio), anaeróbia (que não precisa) e coliforme. Foi difícil descobrir o que estava acontecendo, mas em visita ao local, o técnico da Bardahl percebeu que o funcionário limpava o banheiro e a máquina com a mesma vassoura. Então, os resíduos da vassoura foram levados para a máquina. Foi resolvido o problema da vassoura e do óleo de corte.

Ácido úrico - O cliente ligou dizendo que as peças usinadas por uma de suas máquina apresentavam corrosão. Esse cliente já tinha perdido um lote de peças com este problema. A assistência técnica visitou a empresa, analisou o PH da mistura, a concentração, a forma de montar a solução, tudo estava OK. O interessante é que a corrosão não atingia a máquina, apenas as peças. Caso fosse o fluido de corte, deveria acontecer a corrosão nos dois lugares.

Os técnicos da Bardahl levaram amostras das peças para o laboratório. Foi aplicada a mesma solução na peça para ver se oxidava. Após cinco dias, ela não oxidou. O laudo foi apresentado ao cliente, mas ele não aceitou.

Os técnicos desconfiaram de ácido úrico do operador. Voltaram ao cliente e pegaram uma peça que havia acabado de ser usinada. Sem colocarem a mão, penduram-na com um barbante. Ao lado, penduraram outra peça que também tinha acabado de ser usinada e que fora manuseada pelo operador. A segunda oxidou. A solução foi a indicação de que aquele operador, com ácido úrico, usasse luvas.

Fezes de cachorro - Outro cliente reclamou de mau odor do fluido e oxidação da máquina. O cliente usava o produto Bardahl, porém nunca tinha feito limpeza na máquina. Na amostra coletada pela assistência técnica, foi identificada a presença de bactérias.

O operador, para trocar de peça, entre uma usinagem e outra, precisava entrar na máquina. Também foi observado que, na empresa, havia um cachorro, que ficava solto e andava pela fábrica, ou seja, urinava e defecava onde bem entendia. Com isso, havia a possibilidade de o operador, que precisava entrar na máquina, ter carregado, preso em seu sapato, fezes, contaminando todo o fluido de corte.

Cascas de frutas - Em outro cliente, um operador reclamava do mau cheiro no fluido de corte. Coletada a amostra e, após análise, foram identificadas bactérias. Ao informar o cliente sobre a presença da bactéria, foi sugerida a limpeza da máquina e no reservatório de fluido de corte, o que foi realizado. Na retirada do fluido de corte, foi observada a presença de resíduos de alimentos: casca de banana, casca de laranja e maçã. Após a limpeza com bactericida, foi resolvido o problema.

Bitucas - Em outro cliente, com o mesmo problema, mau cheiro e corrosão na máquina, o operador fumava e jogava as bitucas de cigarro no fluido de corte.

Procedimentos podem evitar contaminação
Leia abaixo quais são os procedimentos básicos para evitar a contaminação dos óleos de corte:

Higiene pessoal

  • Manter as mãos sempre limpas.
  • Evitar usar estopas para limpar a peça. Usar panos que não desfiam.
  • Não comer ao redor do equipamento.
  • Evitar passeios fora do local de trabalho para que não traga sujeira para o equipamento - nos sapatos, por exemplo.
  • Não jogar bituca ou cinzas de cigarro no equipamento.
  • Não cuspir no equipamento.
  • Não lavar as mãos no fluido de corte.

Procedência da peça

  • Evitar usinar peças que tenham possíveis contaminantes, tais como graxa, ferrugem e resíduo de óleo protetivo. Caso necessário, realizar limpeza antes de usinar.
  • Verificar se houve manuseio incorreto da peça. O fluido de corte de outro torno pode contaminar sua máquina.
Preparo da solução
  • Evitar preparar a mistura na máquina operatriz. Fazer a solução sempre em um recipiente limpo à parte, que pode ser um balde de 20 litros ou tambor de 200 litros.
  • Calcular a quantidade de óleo a ser diluída na água. Nunca acrescentar óleo puro na máquina. Se precisar corrigir a mistura, preparar uma nova solução.
  • Preparar um reservatório à parte para possíveis reposições, evitando assim erros na concentração da solução.
  • Para verificar se a concentração da solução está correta, utilize o refratômetro portátil. Após o uso do fluido, não é possível verificar a concentração correta, pois o contato com o óleo de barramento altera a leitura correta.
Limpeza da máquina
  • Diária: Secar a máquina no final do expediente, evitando formação de poças de fluido na máquina. Se acaso a máquina ficar parada por período superior a uma semana, aplicar protetivo para evitar oxidação.
  • Periódica: Remover os cavacos, retirar o fluido velho, retirar o reservatório e limpá-lo. Recolocar o reservatório e adicionar água com bactericida, fazendo o líquido circular por toda a máquina durante 15 minutos.
  • Reservar material exclusivo para limpeza da máquina. Não utilizar material de limpeza de banheiro para limpar a máquina, como vassoura, bucha etc. (eles podem não estar completamente limpos e contaminar o fluido de corte).
Peridiocidade da troca
É necessário realizar a limpeza na máquina periodicamente, conforme as instruções do manual ou condições de usinagem (tipo de material a ser usinado). O intervalo de troca varia entre 3 meses e 2 anos.

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