Presidente da Abimei fala sobre a importação de injetoras chinesas

Artigo: A verdade sobre as injetoras de plástico vindas da China
por Thomas Lee*

Se há um setor em que os produtos chineses são mais duramente atacados certamente é o de injetoras de plástico. Além das costumeiras críticas sobre a baixa qualidade das máquinas made in China, pesa sobre as injetoras chinesas a acusação de dumping, com efeitos perversos sobre os concorrentes nacionais.

Até o início do ano 2000 o mercado brasileiro era dominado pelas injetoras fabricadas por três empresas nacionais e as poucas máquinas importadas vinham da Europa, sempre com a última tecnologia.  Somente por volta de 2003/2004 começaram a chegar as injetoras chinesas – e, de fato, vieram com uma estrutura de preços que reverteu o ranking de vendas no país. Das 2 mil injetoras plásticas mecânicas que o Brasil consumiu em 2008, 60% foram importadas da China.

Como a China consegue manter preço em média 30 % mais baixo que o produto nacional? A resposta está na chamada “economia de escala”. Existem hoje na China cerca de 100 fabricantes de injetoras de plásticos mecânicas e elas operam com preços muito semelhantes. Esta centena de indústrias dificilmente conseguiria manter preços baixos com artificialismos.

Diferentemente do setor de máquinas operatrizes, onde não detém tecnologia de fabricação, a China produz injetoras mecânicas há quase 50 anos, tem know-how absorvido, mão de obra treinada e, o mais importante neste caso, tem escala. Somente as duas maiores fabricantes, da centena que existe na China, produzem 12 mil injetoras de plástico por ano. Volto a lembrar que o Brasil consumiu 2 mil injetoras em 2008 – e isso foi o pico do nosso volume. Não dá para competir com a China, neste cenário!

Mas há ainda um terceiro fator a ser considerado: devido à grande escala de produção, as multinacionais européias que fazem componentes para injetoras mecânicas montaram fábricas na China e vendem as peças para as indústrias chinesas a preços chineses – quer dizer, mais baratos que os praticados no Brasil e no mundo.

Também em decorrência da alta escala, a China tem infraestrutura de suporte à produção e exportação de injetoras. O paralelo com o Brasil se dá na produção de suco de laranja. É muito difícil um país concorrer conosco neste item porque temos economia de escala e infraestrutura, transportes e tanques refrigerados, inclusive navios feitos exclusivamente para transportar o suco,  que nos asseguram o melhor preço internacional.

No caso de injetoras elétricas, contudo, a China não se destaca. O país asiático ainda não absorveu  toda a tecnologia de produção dessas máquinas, as multinacionais ainda não estão lá e os volumes fabricados são pequenos. Não há escala que assegure preço barato. O Brasil consome apenas 5% do seu estoque com injetoras elétricas, importadas principalmente do Japão e da Europa.

A compra da italiana Sandretto pela nacional Romi nos leva a apostar que em breve teremos alta tecnologia produzida também no Brasil. 

Thomas Lee é presidente da ABIMEI (Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais)

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