Londrina pode ganhar montadora sul-coreana

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Sem tradição na indústria automobilística, Londrina pode ganhar a primeira fábrica do setor. A montadora sul-coreana SsangYong avalia a possibilidade de abrir uma unidade na cidade, com investimento de US$ 500 milhões e geração de 5 mil empregos. A atração da fábrica é negociada há cerca de 18 meses. “A montadora tem 90% de chance de vir para cá”, declarou ontem o prefeito eleito Barbosa Neto (PDT).

A negociação, que vinha sendo mantida em sigilo, começou na gestão do ex-prefeito Nedson Micheleti (PT) e era acompanhada pelo JL. Pouco antes da realização do novo segundo turno, no último domingo, Barbosa Neto revelou a negociação, mas sem entrar em detalhes. Para concretizá-la, ele conta com o apoio do ministro do Trabalho, Carlos Luppi, que é do mesmo partido – PDT.

Se decidir por Londrina, a montadora poderá se instalar em uma área de 40 alqueires, de propriedade privada. Conforme fonte da reportagem, a negociação caminha para que o governo estadual banque a desapropriação da área e a administração municipal seja responsável pela infraestrutura, construindo vias de acesso.

Para finalizar o negócio, ainda é preciso garantir a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), liberando recursos para financiamento da indústria. Barbosa Neto conduz conversas com Luppi, para que o Ministério do Trabalho libere recursos pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para treinamento de funcionários, uma vez que na cidade não há mão-de-obra especializada.

“Pela magnitude do negócio, é fundamental ter a participação do governo federal, com linhas de financiamento. A vinda da coreana para cá é um investimento grande, que cria emprego de mão-de-obra tecnificada. Londrina precisa criar empregos”, comentou ontem o presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Idel), Paulo Muniz. Segundo ele, a administração interina não está envolvida na negociação. Para avançar na conversa com o prefeito eleito, representantes da SsangYong visitam a cidade nesta semana.

Carros de luxo
Conforme fonte da reportagem, a previsão é que a fábrica de Londrina comece a operar dentro de um ano e meio e em cinco anos esteja funcionando em sua capacidade total. Inicialmente, produzirá dois tipos de veículos da montadora. Presente no Brasil desde 2001, a SsangYong fabrica carros de luxo, com motores Mercedes Benz, vendidos entre R$ 95 mil a R$ 160 mil. A abertura da indústria traria uma redução em torno de 20% no preço final dos veículos. No ano passado, foram importados 1.698 veículos da montadora.

Em outra etapa, na planta industrial de Londrina também funcionaria a chinesa Chana Motors, que produz veículos populares, importados no Brasil desde 2007. Um furgão da marca é vendido por R$ 29,8 mil. No ano passado, foram emplacados no País 352 veículos dessa indústria.

No Paraná, os automóveis das duas montadoras são comercializados em uma única revenda na capital. Os veículos produzidos em Londrina seriam exportados para toda a América Latina.

Crise afetou a empresa
A SsangYong é a quinta maior montadora da Coreia do Sul e controlada pela chinesa Shangai Automotive Industru Corporation (Saic). No final do ano passado, devido à crise financeira e queda da demanda, passou por dificuldades e não tinha dinheiro para pagar os funcionários da fábrica em Seul. Para evitar uma situação pior, em janeiro a unidade entrou com um pedido de concordata. Mesmo assim, a montadora não abandonou os planos de se instalar no Brasil, onde o mercado, apesar da crise, continua atrativo.

A reportagem entrou em contato ontem com a assessoria da SsangYong no Brasil, para obter mais esclarecimentos sobre o possível investimento em Londrina, mas não obteve retorno da ligação.

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