Crise exige que países intensifiquem integração regional

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O fortalecimento das relações comerciais entre Brasil e Argentina, com a ampliação da pauta exportadora binacional, é “a melhor reação possível” que os maiores parceiros do Mercosul podem recorrer para enfrentar a crise financeira internacional.

O discurso de integração regional foi assumido na manhã desta sexta-feira (20) por empresários brasileiros e argentinos, durante na abertura do segundo dia do Encontro Empresarial Brasil-Argentina, realizado na sede da Fiesp e do Ciesp, em São Paulo.

“Gostaríamos de debater com nossos amigos argentinos formas de melhorarmos o Mercosul. Um desafio que se apresenta hoje à economia dos nossos países”, sinalizou o diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti.

Para o executivo, o enfrentamento da crise tem de ser feito conjuntamente pelos dois maiores parceiros do bloco econômico sul-americano, com a ampliação do fluxo comercial e cooperação industrial que assegure maior competitividade para ambos.

“Aqui na Fiesp, temos a visão de que a melhor reação possível que podemos assumir [para enfrentar a crise] é aumentar nosso comércio”, sugeriu Giannetti.

Integração


A perspectiva integradora também foi assumida pelo vice-presidente da União Industrial Argentina (UIA), Cristiano Rattazzi, segundo o qual ambos os países têm grandes condições de potencializar suas indústrias mutuamente e “seguir um futuro industrial juntos”.

“Estamos entusiasmados com a integração entre Brasil e Argentina, que nos parece absolutamente necessária. Lá fora temos um mundo difícil e complicado que temos que participar e, obviamente, para isso é necessário potencializar a competitividade de nossas indústrias”, declarou. “Temos que ter uma indústria forte e competitiva para sermos dois países desenvolvidos e não mais em desenvolvimento”, concluiu Rattazzi.

Destacando o “resultado muito positivo” do encontro entre representantes dos governos brasileiro e argentino, acompanhados por empresários dos dois países, em Buenos Aires na semana passada, o chanceler Jorge Taiana se mostrou satisfeito com o primeiro dia do Encontro.

“Esse seminário é a constatação dos avanços da cooperação entre nossos países, assim como a rodada de negócios. São mais uma manifestação do potencial de crescimento de nosso relacionamento tanto comercial quanto no âmbito político-econômico”, afirmou Taiana.

O diplomata argentino destacou que o fortalecimento das relações binacionais são positivas ante o processo de globalização. “Estou seguro de que esse seminário será exitoso em intensificar nossas relações”, confiou.

A missão empresarial argentina conta com 487 empresários. Somente no primeiro dia, foram realizadas 540 reuniões de negócios, com representantes de 167 empresas argentinas e 150 companhias brasileiras.

Polarizações da balança

O fluxo comercial entre Brasil e Argentina se intensificou a partir de 1995, quando o Mercosul ampliou seu status de zona de livre comércio, por onde produtos dos países-membros transitariam sem a imposição de cotas ou tributação, para se transformar em uma união aduaneira em que os signatários do bloco utilizariam as mesmas taxas externas comuns (TEC) sobre itens importados de outros mercados.

O pacto diplomático-comercial resultou em um aumento de 322% no fluxo comercial entre os dois países, entre 1995 e 2008, que saltou de US$ 9,6 bilhões, para US$ 31 bilhões. O período foi marcado pela polarização da balança, ora para o lado portenho, ora para o brasileiro.

Por nove anos consecutivos (1995-2003), a Argentina registrou superávit, totalizando US$ 10,5 bilhões de ganhos num período em que as relações bilaterais tiveram crescimento estável moderado.

O cenário se inverteu a partir de 2004. Em cinco anos, a troca de produtos entre os parceiros do Mercosul teve alta de 238,5%. Passou de US$ 13 bilhões, para os atuais US$ 31 bilhões. O Brasil passou a ser superavitário, acumulando US$ 19,5 bilhões de ganhos totais. Desse montante, 22% somente em 2008, cerca de US$ 4,3 bilhões.

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